quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Belle & Sebastian no Brasil (ou Um Ensaio Sobre a Fofura)


Chego na Via Funchal lá pelas 20h15, com tempo de sobra. Gasto 12 reais em duas cervejas (!) e me encosto na parede. Percebo que uma garota bonita que estava a minha direita, ainda que um pouco distante, se surpreende com alguma coisa, abre um sorriso, e sai correndo. Olho para a esquerda e vejo um rapaz baixinho correndo na direção contrária. Por mais que eles estivessem correndo numa velocidade dentro do normal, na minha cabeça tudo aquilo acontecia em câmera lenta. Os dois se encontram em um abraço explosivo bem na minha frente e, como se não tivesse mais ninguém olhando, se perdem num beijo de alguns minutos. Depois saem de mãos dadas, em direção ao palco, mas que podia muito bem ser um pôr-do-sol.

Aquela cena prenunciou o que esperava os fãs que lotaram a Via Funchal para ver a tão adorada banda Belle & Sebastian, que não voltava apenas ao Brasil, mas também à ativa, após um hiato de cerca de 4 anos. Não seria um show de rock. Não seria um show épico, histórico.
Assim como a cena que se desenhou na minha frente, o show seria... fofinho!
E pra ser honesto, os fãs não exigiam mais do que isso.

Confesso que não esperava muito.
Já tinha visto vídeos de shows do Belle & Sebastian e nenhum deles pareceu empolgante. Pra falar a verdade, parecia valer muito mais a pena ouvir a banda por um fone de ouvido do que em um show ao vivo.
Mas quando uma das suas bandas favoritas vem ao Brasil depois de quase uma década desde a última vez, você PRECISA ir!!! Sem pensar duas vezes!!! Sem pensar uma vez sequer!!!

Pontualmente, às 22 horas, Stuart Murdoch e companhia entraram em cena abrindo o show com I Didn't See It Coming, a fofíssima música que abre o último CD da banda lançado este ano, Write About Love. Após algumas músicas, Murdoch arranhou o português: "Boa noite, São Paulo. Finalmente chegamos de volta ao Brasil". Nem precisava. A platéia já estava ganha desde o primeiro acorde. E nem o som pessimamente equalizado estragou a festa. E nem poderia.
Longe da imagem deprê pintada por aqueles que desconhecem a banda, o Belle & Sebastian tem algo como uma "empolgação introspectiva" gigantesca, se posso chamar assim! Ainda que tímido ao seu próprio modo, Stuart Murdoch dança a todo momento, se joga na platéia, anda em meio a nós, reles mortais, autografa bolas de futebol americano e joga aos fãs, chama algumas pessoas para dançar no palco... enquanto isso, o resto da banda sorri simpaticamente e se diverte entre as músicas. Sem contar a fofura que é a Sarah Martin, multi-instrumentista e vocalista que, sério, da vontade de subir no palco e abraçar!
E se os músicos estavam empolgados, o público retribuiu na mesma moeda, pulando e dançando cada uma das músicas, do começo ao fim, mesmo as mais paradas - inclusive levantando isqueiros (sim, como nossos antepassados faziam quando não existiam celulares) - e cantando em coro todas as quilometricas letras de um setlist imprevisível e que passeava por quase toda a história da banda.

Pausa no texto, preciso dizer algo como fã.
Gostar de alguma coisa é normal, mas ter alguém como ídolo é algo muito maior e menos simples.
Stuart Murdoch é um ídolo pra mim. Alguém que me influencia pelas letras e pelas melodias que cria, alguém que me inspira tanto a escrever música quanto a escrever neste humilde blog.
E ver seu ídolo na sua frente e comprovar que ele é de carne e osso é uma sensação difícil de explicar.
Só abri este parágrafo à parte para tentar mostrar como eu fiquei o show inteiro.

Confesso que perdi uma lágrima durante Lord Anthony, música que por diversos motivos é muito importante pra mim e que eu simplesmente não esperava ouvir ao vivo. Assim como Sleep the Clock Around, música que até hoje eu achava que só eu gostava. E nem consigo descrever como foi esperar até o bis para ouvir Get Me Away From Here, I'm Dying ao vivo e perceber que tudo aquilo tinha valido a pena.

Pra falar a verdade, ter perdido só uma lágrima neste show foi pouco..

Uma pena que a banda não tocou nenhuma música do primeiro e fantástico álbum, Tigermilk (que é de 1996... ao contrário do que dizia a Via Funchal em seus comerciais, anunciando o show como uma comemoração pelos "10 anos do álbum de estréia" #fail), e também poderia citar a falta de uma ou outra música.

Mas esse talvez seja o jeito do Belle & Sebastian deixar um gosto de "quero mais" em seus fãs.

E a esperança de que a espera por um outro show seja menor, dessa vez.

Um brinde à fofura.

.

5 comentários:

Unknown disse...

Tiago, bom diaaa!
Sou cearense, curto a banda desde 1997, tenho todos os CDS e estou ansiosissima pelo show de amanhã...Até sonhei esta noite...naum pude ir ao show de SP, fiquei triste...:( Acordei e vim correndo ver alguma notícia sobre o show...Fiquei emocionada com seu relato e acho q vou me emocionar muito...B&S fez parte de toda a passagem dos meus 18 anos à vida adulta...cada música: um momento, um sentimento...naum tenho nem como descrever!Xeru!!!
Tocaram Mary Jo?

Arqueólogos do Desconhecido disse...

Pow, Branca... nenhum comentário sobre os grandes companheiros que estiveram presentes ao show tb????

Bhwahahaha.... brincadeira

Bom texto, veio...
Abraço,
Han

marcelo manha disse...

primeira vez que leio o blog e incrível como os 1os parágrafos descrevem EXATAMENTE o mesmo qeu eu senti em relaçao ao show!
mto bom o texto. já tá nos favoritos!

abs

Renatinha disse...

MEU PRÓPRIO BLOG APAGANDO MEUS COMENTÁRIOS?
COMO PODE ISSO?


>.<

Nem ía falar nada de útil mesmo...

Anônimo disse...

entrem ai
http://bookcomoum.blogspot.com/