quarta-feira, 31 de março de 2010

Mudanças de Rumo


Talvez tenha sido por conta da mudança de foco do blog.
Por agora, ao invés de falarmos sobre música, falarmos sobre BBB, quadrinhos e filmes ruins.
Provavelmente nossas opiniões eram mais relevantes meses atrás.

O fato é que, nos últimos tempos, nós perdemos MUITOS leitores aqui no blog.

Se antes tinhamos uma média de 40 leitores diários, atualmente essa média não passa dos 20.
Se antes todos nossos posts tinham cerca de 7 comentários, hoje em dia a maioria não passa de 2 ou 3.

O Two Cold Fingers perdeu a importância.
E isso acaba com qualquer vontade que temos de escrever por aqui.

Este post de quinta-feira estava programado para ser um post de despedida.
Depois de algumas brigas, as duas metades do Two Cold Fingers resolveram pôr um ponto final no blog.
Mas percebemos que, na realidade, o mais importante seria mudar novamente o foco dos posts, escrever sobre algo que realmente andaria de mãos dadas com o que as pessoas querem ler nos dias de hoje.

Por isso decidimos que, a partir de hoje, o Two Cold Fingers terá novamente um só tema:

PINTURAS CLÁSSICAS MEDIEVAIS!!!

Por isso chame os amigos, avise a família, conte pra galera!
Agora o Two Cold Fingers dissertará sobre os fantásticos mosaicos bizantinos religiosos pintados nas abóbadas de Constantinopla, ou sobre as maravilhosas pinturas bidimensionais sem o mínimo critério de perspectiva em que o tamanho da figura determinava a importância do indivíduo no contexto histórico da época!


Tempos de crise exigem mudanças.

A equipe Two Cold Fingers agradece a compreensão de todos os nossos 20 leitores diários.

E um feliz 1º de abril a todos.

segunda-feira, 29 de março de 2010

BBB


Está chegando ao fim a décima edição de um dos programas mais assistidos da história do país.
Big Brother é um fenômeno. Mesmo estando em sua décima edição, ele ainda consegue fazer zinguibilhões de pessoas assistirem, e mais do que assistirem até... torcerem e votarem.

No último paredão foram cerca de 125 milhões de votos, pare para analisar o tanto de gente que isso significa.
125 milhões de pessoas pararam o que estavam fazendo para votar e eliminar do programa uma pessoa que eles nem conhecem.
É surreal.

O público do programa é formado por fãs, por aqueles que criam blogs para acompanhar a edição, por aqueles que assistem e comentam com os amigos, por aqueles que assistem mas não falam com ninguém porque acham que pega mal.

O que eu sempre me pergunto é: Por que pega mal?
O que tem de errado em assistir, acompanhar e gostar do programa?

Afinal, você acompanha a vida dos outros sempre.
Celebridades, seu vizinho, seu ex-namorado, o menino que você gosta...
Ou você, que diz acha o programa absurdo, não se dá ao trabalho de entrar no orkut de uma determinada pessoas pra ver as fotos? Saber o que ela anda fazendo?
Bitch, please...

Além do mais, é colocar 14 pessoas (ou sei lá quantas, porque cada vez é de um jeito) confinadas e lutando por dinheiro.
Ver todas as emoções do nosso dia a dia potencializadas e ter permissão para julgar todo mundo, sabendo que nós mesmos temos falhas iguais.
É falar da vida alheia com permissão! Todo mundo fala da vida alheia mesmo, nem me venha dizer que você não fala.

Nessa edição eu já torci para o Dourado, achei ele muito injustiçado pelas pessoas. Mas eu queria mesmo que o vencedor fosse o Cadu, ele teve suas falhas, mas foi a pessoas em que as qualidades foram destaque.
Eu não conheço ninguém ali, não vou ganhar nada se nenhum deles sair de lá com 1 milhão e meio, mas já que vão dar o dinheiro pra um deles que seja para alguém que eu me identifique.
Um pessoa leal aos amigos, fiel a alguém que deixou do lado de fora, brincalhona e que mantinha a calma acima de tudo...
Sabe, igualzinho ao que eu... gostaria de ser. hahaha

Vai Caduuuuu! \o/
(eu sei que ele não vai ganhar...)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Intocável?


(Senna ainda não tinha entendido o símbolo do Two Cold Fingers... /risos)

Durante o último domingo, todo o Brasil comemorou o aniversário do Ayrton Senna, que completaria 50 anos se estivesse vivo.
No Twitter, o que não faltava era gente reverenciando o ídolo, chorando sua morte, filosofando em torno do "maior herói brasileiro" que já tivemos, mostrando o quanto sente saudade..
E ai de quem fizesse uma piada sequer sobre o piloto, mesmo que não tivesse nenhuma relação com sua morte. Era questão de segundos até chover críticas, acusações de que "quem faz piada com o Senna não é patriota", que era algo de mau-gosto, que deve-se respeitar um herói nacional.
Isso tudo 16 anos após sua morte.


Sabe qual foi a última coisa que passou pela cabeça do Senna?

A roda.



Essa piada, dizem, foi feita naquele mesmo domingo de 1994, alguns minutos após a notícia da morte do piloto.
Eu mesmo me lembro que na segunda-feira, no alto dos meus 8 anos de idade, enquanto eu lamentava a morte daquele que tornava minhas manhãs de domingo mais emocionantes... alguém me contou essa piada na escola e eu ri.
Era uma manhã estranha, em que vários dos meus amigos choravam copiosamente (coisa que eu só vi 2 anos depois, com a morte dos Mamonas Assassinas)... e la estava eu, rindo de uma piada sobre um cara morto havia menos de 24 horas.
E quer saber? O fato de eu ter rido de uma piada não diminuiu em nada a importância daquele cara na minha vida.


Vou te dizer, poucas coisas irritam mais que falso moralismo.
As mesmas pessoas que criticam as piadas são as que colocam fotos da garota Isabella no álbum do Orkut e escrevem "um anjo que invadiu nossas vidas, vá em paz", SEM NUNCA TER CONHECIDO A GAROTA, e ignorando completamente o fato que milhares de crianças morrem pelo mundo todos os dias vitimas de crimes certas vezes tão bárbaros quanto!!
São pessoas que acreditam que podem olhar para os outros de nariz empinado e dizer o que é correto ou não, ainda que nem ao menos saibam diferenciar um do outro!!
São pessoas que praticam a forma mais ridícula do "politicamente correto" e, por que não, da CENSURA!!!

O Ayrton Senna não foi um herói, o cara foi simplesmente um esportista. Um cara que fazia o que fazia para pagar as contas e que tentava ser o melhor no que fazia.
E sim, ele era realmente o melhor no que ele fazia, um exemplo a ser seguido, um ídolo nacional... mas não, ele não era um herói, ou uma entidade intocável.
Ele no final, ele foi apenas um homem.


Ei, e sabe qual a diferença entre o Senna e o vento?

O vento faz a curva...



Vou ser bem sincero.
quando eu morrer, não quero que ninguém se deprima, ou fique chorando de luto.
O que eu quero é que todos meus amigos se reunam em um bar, contem histórias, contem piadas... e riam até a cerveja sair pelo nariz!

Porque o riso é a verdadeira celebração da vida!



Quando o Senna chegou no céu, São Pedro perguntou:

- E vc, qual seu nome?

- Ayrton Senna da Silva.

- Ah, mas você é aquele corredor da Fórmula 1, não é?

- Sou eu mesmo.

- Aquele que tinha uma ilha em Angra dos Reis com heliporto, quadra de
tênis, praia particular entre outras coisas, mais um jato executivo
Learjet 60 de 12 lugares comprado por US$ 19.000.000,00, um helicóptero
bi-turbo avaliado em US$ 5.000.000,00 uma lancha Off Shore de 58 pés,
uma fazenda em Tatuí e que ganhava US$ 1.200.000,00 por corrida?

- Sou eu.

- Andava de Audi, Honda NSX e tinha uma DUCATI com seu nome?

- Sim senhor!

- Morava em Mônaco, tinha apartamentos em Nova Iorque, Paris e viajava
quando bem queria para o Brasil no seu próprio jatinho particular?

- Correto.

- Aquele que comeu a Xuxa, a Adriane Galisteu?

- Sim.

- Putz... pode entrar, mas você vai achar o Paraíso uma merda!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Os Winchester


Esse fim-de-semana eu não saí de casa.
Uma falta de vontade aliada à uma enxaqueca foram a receital para ficar sábado e domingo jogada no sofá.
Mas claro, não queria ficar sozinha.
Logo tratei de arrumar duas companhias. Altos, bonitos, detesmidos... Um moreno problemático com cara de cão que caiu da mudança e um loiro problema com cara de malandro.

Ei, ei... calma lá.
Pensou besteira né?
Acontece que ontem chegaram minhas 4 temporadas de Supernatural que comprei por uma barganha.
Eu já tinha assistído capítulos perdidos no SBT (não zoa não, eu não tinha tv por assinatura), uns na casa da Chris e já gostava.
Mas assim que a Chris me emprestou o dvd da primeira temporada, não teve como fugir.

O santo dos irmãos Winchester é forte. Tanto quando se tratam de demônios, fantasmas, etc. quanto para consquitar público.
A série é um sucesso e acaba de fechar contrato para mais uma temporada.
Não sei o que acontece lá adiante porque ainda estou na segunda, mas posso dizer que por mim passaria todas as horas do meu dia assistindo.

Misturando medo, folclore, lendas urbanas e muitas piadas (boas), eles consquitam você.
Ora você quer adotar um Sam pra chamar de seu, ora você viver la vida loca com o Dean. E tem hora também que você que sair matando demônios e fantasmas.

Devo alertá-los no entanto que existem efeitos colaterais. Luzes piscando, falhas no telefone, mudanças bruscas de temperatura nunca mais serão vistas como naturais e tranquilamente.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Angel Villa, Laerton e Glauquito


Acho que era lá por 1995, quando eu tive o meu primeiro contato com quadrinhos nacionais.
Não, não estou falando de Turma da Mônica... os quadrinhos nacionais que eu digo são muito mais underground, muito mais politicamente incorretos, onde os três protagonistas se divertiam com violência, sexo, drogas e as mais diversas perversões, assassinando indios e infinitos garotos de sombreiro chamados Miguelitos.

Foi com mais ou menos uns 9 anos que eu comprei uma revista chamada "Los 3 Amigos"!

Os 3 personagens eram alter-egos de seus criadores, os cartunistas Angeli, Laerte e Glauco.
Angeli, criador de personagens clássicos como Rê Bordosa, Bob Cuspe, Wood & Stock e os Skrotinhos.
Laerte, mestre em colocar um espelho na frente da sociedade e mostrar como realmente somos, tanto nosso melhor quanto, principalmente, nosso pior.
E Glauco, de longe o mais anárquico dos três, aquele que colocava em suas tiras o que a maioria das pessoas tem vergonha só de pensar, aquele que fazia com que o público se identificasse com tarados, drogados, ninfomaníacas, bêbados e profetas dos apocalipse.

Não apenas 3 cartunistas, como também - eu logo iria descobrir - os 3 maiores cartunistas do Brasil, influências obrigatórias para qualquer desenhista que se preze!
Gênios dos desenhos, das piadas, das críticas sociais, das relações humanas!
Simplesmente gênios!


Na semana passada, um louco colocou fim nas histórias de um desses 3 amigos.
Invadiu a casa do Glauco e o matou a sangue frio, para depois assassinar também seu filho Raoni.


Juro que nem sei direito o que escrever por aqui.
Só queria, de algum modo, homenagear um dos maiores cartunistas brasileiros, que em contraste ao seu bom-humor, acabou morrendo por conta de uma tragédia sem nenhuma explicação ou desculpa.
Uma loucura que colocou fim na vida de alguém que só se preocupava em colocar um sorriso no rosto daqueles que liam todos os dias suas tiras.

Triste perceber que, mesmo com toda sua importância para os quadrinhos brasileiros, ainda exista muita gente que não conhece o artista, ou que só o conheceu por conta do que saiu nos jornais nos últimos dias.

Tudo o que eu posso esperar é que o sensacionalismo dessa tragédia não apague seus anos de serviço ao humor, esta sim sua marca registrada.


. . . e que os novos talentos que estejam nascendo tenham ao menos metade do talento do mais maluco daqueles três amigos.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ser adulto, como proceder?


Inspiração kd.
Quanto mais eu trabalho e "viro gente grande", mais minha inspiração me abandona.
Não acho que seja o fato de crescer em si, mas o fato de não ter mais tempo para os meus sonhos.
Todos os dias, chega um momento que eu paro e me pergunto: O que aconteceu com os meus sonhos?
Essa pergunta me incomoda tanto.
Meu sonho de morar fora, meu sonho de poder sobreviver escrevendo, meu sonho de mudar, meu sonho de poder fazer mais pela minha mãe...
Todos os dias, quando ouso tentar achar um caminho para fazer tudo isso acontecer, a realidade vem e me goolpeia na cara.
Não contente em me mostrar o quão longe está tudo que quero, ela faz eu me sentir uma pessoa no chão.
Antes que todo mundo venha me dizer que tenho que agradecer por ter emprego, família, onde morar, etc... eu sei... eu agradeço. Mas todo mundo sabe que querer mais não é errado, que ter seus sonhos não é renegar as coisas boas que você tem na vida.

Me mata, mata minha criatividade quando diversas vezes no meu dia eu sou obrigada e abaixar a cabeça para injustiças e fazer coisas que sou contra, que acho erradas e idiotas. Minha enxaqueca chega, meu estomago dói, lágrimas pipocam na cara...

Esse blog é minha terapia, escrever sempre foi minha terapia. Mas até para escrever, as coisas parecem mais difíceis. Patos roxos, que eram tão comuns passeando na minha mente, foram subtituídos por gráficos, tabelas, números, reclamações...
E quando a inspiração acontece, no meio do dia... nunca existe tempo de deixar ela viver. Sempre algo para fazer.

Ainda me mantenho firme forte aqui, como forma de me obrigar a escrever para não deixar isso morrer em mim.
Espero sobreviver a essa história de ser adulta.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Perigo do "Politicamente Correto"


Deus criou a luz, o céu, os mares e a terra.
Daí ele criou as plantas, os animais, os peixes e os pássaros.
Depois ele criou o ser-humano
E, em determinado momento, talvez por estar entediado ou algum outro motivo fútil, Deus criou o livre arbítrio.

E foi então que tudo descambou!!!


Ok, não levem tão a sério.
Claro que é importante respeitar a qualquer um que tenha opinião própria (coisa cada vez mais rara de se encontrar hoje em dia), por mais imbecil que seja essa opinião.
Mas ao mesmo passo que existe tanta gente sem opinião própria, existe também gente que não merece esse privilégio.

Há algumas semanas atrás o jornalista Dioclécio Luz escreveu um artigo publicado no site Observatório da Imprensa chamado "Violência na Turma da Mônica".
No texto, a Mônica é a personificação do bullying. A figura da Magali cria crianças obesas, o Chico Bento é uma visão elitista do campo e os personagens são sem personalidade, sem opinião e naturalmente conservadores.

No fundo, ler um texto desses é como ler "blá, blá, blá, tive uma infância triste, blá, blá, blá, fui uma criança frustrada, blá, blá, blá, preciso descontar em alguma coisa..."

Ter opinião própria é uma coisa.
Apelar para o politicamente correto é simplesmente babaquice!

O autor chega até a comparar a violência das histórias com outros quadrinhos, como Mafalda e Calvin.
Realmente, as histórias seriam muito mais divertidas caso a Mônica, ao invés de coelhadas, distribuisse frases filosóficas de efeito.
E se o jornalista realmente enxerga as tiras do Calvin como algo inofensivo e correto... bom, ele definitivamente precisa ler um pouco mais.

Ao final do texto, Dioclécio Luz afirma que os quadrinhos do Maurício de Sousa (escrito erroneamente com Z durante todo o artigo) são exageradamente idolatrados.
Em resposta a isso basta apenas dar como exemplo o livro MSP50, lançado no ano passado, que reúne 50 dos maiores artistas nacionais para homenagear o quadrinista. E um novo livro, chamado MSP+50 já está sendo preparado para o segundo semestre de 2010. E não deve parar por aí.
São todos os maiores artistas dos quadrinhos brasileiros, como Angeli, Laerte, os gêmeos Moon e Bá, Ziraldo, Ivan Reis, Marcelo Campos, Rafaél Grampá... artistas que são influência até no exterior homenageando sua influência maior.
Isso sem contar o respeito que ele tinha do maior mestre que as HQs já tiveram: Will Eisner!

Exageradamente idolatrado my ass!
MERECIDAMENTE idolatrado!!!

O que o sr Dioclécio Luz fez não difere em nada com o que fez um certo Dr. Fredric Wertham com os quadrinhos na década de 50.
Mas até o próprio Dr. Wertham se arrependeu de suas ações tempos depois.
Apenas demosntrando como esse tipo de visão... de "opinião própria"... já está mais que ultrapassado!!

Algumas pessoas não entendem que um mundo "politicamente correto" poderia até ser um mundo com menos violência, menos corrupção, menos injustiças...

Mas também seria muito mais sem graça.
Sem magia.

E é aí que o Politicamente Correto acaba tornando-se muito mais perigoso do que tudo aquilo que ele persegue.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O prazer dos filmes ruins.


Todo mundo já viu um filme ruim, um filme que você simplesmente não recomendaria nem ao seu pior inimigo porque a experiência de assistí-lo foi surreal.
Mas poucas coisas são mais divertidas que um filme que, de tão ruim, é bom!

Não entendeu? Eu explico.
Pensa naquela comédia pastelão, com piadas ridículas e acontecimentos bizarros. Ou melhor ainda, aquele filme de terror que está tão na cara que o sangue é ketchup ou que o zíper da roupa do monstro é tão nítida, que simplesmente vira seu filme favorito.
Esse tipo de filme que é uma aposta certa para o público que tem bom humor, tanto que filmes feitos para serem tão ruins que são bons ainda são produzidos.

"Arraste-me Para o Inferno", por exemplo. Você foi ao cinema esperando um filme de terror comum, daqueles que você tem medo e pesadelos? Sinto muito, você deveria ter se informado melhor, o filme foi feito para ser ruim, feito para no máximo ter dar aqueles sustos por causa de surpresas... a idéia dele é te fazer rir de tão absurdo.

Esse fim-de-semana numa maratona de dvds assisti dois filmes ruins, um com intenção de ser bom, mas muito ruim e um ruim com intenção de ser ruim.

Um filme que teve atores querendo ser sérios, uma trama querendo ser boa e produtores/diretores querendo ser respeitados... mas que era simplesmente MUITO ruim.
O filme era "On The Line", você fã de 'NSync ou ligada em boybands soube na hora que era um filme que teve atuação do meu 'nsyc-favorito-que-se-assumiu-gay, Lance Bass e do por incrível-que-pareça-famoso, Joey Fatone.
A menos que Lance já soubesse que era gay e queria que o filme tivesse graça futuramente quando ele resolvesse assumir, o filme é péssimo.
Atuações deprimentes, história fraca, personagens irritantes e pouco orçamento para o figurino, já que Lance está SEMPRE com a mesma roupa, e não, o filme não se passa em um dia só. Minha idéia era ver um pedaço só pra saber como era. Impossível. É tão ruim, que você mal pode esperar para ver qual é a próxima cagada.

O outro filme tinha atores que queriam participar de uma piada, um trama absurda porque foi feita pra ser assim e produtores/diretores que queriam rir de si mesmos e que rissem deles.
O filme era "A Mão Assassina", eu simplesmente AMO esse filme. É um 'must have' e 'must see' para quem aprecia esse tipo de filme. O filme é muito engraçado, sem sentido e as cenas mais tensas ou assustadoras são quebradas com momentos absurdamente engraçados. Não quero dar apoilers caso você nunca tenha visto, mas confie... é um clássico do cinema "feito para ser ruim".

Dê uma chance aos filmes ruins...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Ensaio Sobre a Eternidade e... Crianças.


Cortou um corte fundo no dedo.
- Acho que isso daqui vai doer por um bom tempo. - pensou em voz alta o pequeno Joca, sem soltar nenhum gemido, enquanto levava o dedo à boca. O pequeno canivete passou de suas mãos às mãos pequenas do pequeno Juca. Ele apanhou o canivete e o manteve na palma de sua mão direita, apenas olhando-o.
- Vai. Agora é a sua vez. – disse o pequeno Joca, com uma voz ao mesmo tempo autoritária e desafiante. – É só dar uma picadinha na ponta do dedo. Vai logo que o meu já ta até parando de sangrar.
O pequeno Juca pousou a ponta afiada do pequeno canivete na ponta do seu pequeno dedo indicador, respirou fundo e afundou levemente na pele frágil. Soltando um “ai” contido, viu uma linha fina de sangue escorrer do buraco recém aberto.
- Doeu. – ele disse, sem vergonha nenhuma. Apertou a ponta do dedo, de modo a fazer sair ainda mais sangue, que primeiro se concentrou como uma bola na ponta do dedo, para depois escorrer e pingar na sua camisa.
Os dois ficaram frente a frente. Quem coordenou a cerimônia foi o pequeno Joca, como se fosse algo que fizesse todo dia:
- E agora, por meio do contato do nosso sangue, eu declaro que seremos amigos para sempre. – O dedo indicador ensangüentado do pequeno Joca uniu-se ao dedo indicador ensangüentado do pequeno Juca.
- Que nem naquele filme. – disse o pequeno Juca, com os olhos arregalados.
- Que filme?
- Aquele do Inspílbergue, que o garotinho encontra um et bonzinho no quintal da casa. Daí eles andam de bicicleta e o etê encosta o dedo no dedo do garotinho, e vai embora.
O pequeno Joca balançou a cabeça. Tomou um ar e continuou a cerimônia:
- Você, Juca Medeiros, aceita tornar-se meu amigo de sangue para sempre e todo o sempre, prometendo ficar ao meu lado nas horas boas e nas horas difíceis, não importando quem queira ficar entre nós?
- Hã? – perguntou o pequeno Juca, depois de perder de vista o vôo do pássaro que tentava acompanhar com os olhos.
- Presta atenção, poxa vida.
- Desculpa.
- Ta... de novo: Você, Juca Medeiros, aceita tornar-se meu amigo de sangue para sempre e todo o sempre, prometendo ficar ao meu lado nas horas boas e nas horas difíceis, não importando quem queira ficar entre nós?
- Sim!
- Boa! Agora você repete isso pra mim.
- “Sim!” – repetiu o pequeno Juca.
- Não, garoto. Você repete aquilo que eu te falei.
- Ah, mas agora eu não lembro mais.
- Diz assim: “Você, Joca Andrade, aceita tornar-se meu amigo de sangue para sempre e todo o sempre, prometendo ficar ao meu lado nas horas boas e nas horas difíceis, não importando quem queira ficar entre nós?”
- Como é que é?
- Ai, meu Deus. Repete comigo.
- Ta.
- “Você, Joca Andrade...”
- Você, Joca Andrade...
- “Aceita tornar-se meu amigo de sangue...”
- Aceita tornar-se meu amigo de sangue...
- “Para o sempre e todo o sempre...”
- Para o sempre e todo o sempre...
- Hmm... “em todas as horas da sua vida.”
- Em todas as horas da sua vida...
- Isso... e eu respondo “sim”.
- E eu respondo sim...
- Não... eu que respondo “sim”!
- Ah...
- Agora fecha os olhos e conta até dez. Daí a gente já pode separar os dedos.
Os dois fecharam os olhos e contaram até dez. Separaram seus dedos e olharam um para a cara do outro.
- E agora? – perguntou o pequeno Juca.
- E agora o que?
- E agora, o que a gente faz?
- Nada, ué. Agora nós somos amigos para sempre, e para todo o sempre.
- Hmmm... é mesmo? Mas eu me sinto igual a antes.
- Claro que você se sente igual a antes. A gente já era amigo antes. O que nós fizemos foi prometer que seremos sempre assim, não importa o que aconteça. Como um contrato.
- Como um o que?
- Um contrato. Sabe? Aquele documento que você assina quando se compromete com alguma coisa...
- Num conheço, não.
- Que seja! Nós acabamos de nos comprometer a sermos sempre amigos.
- E nós precisávamos furar nossos dedos pra isso?
- Como assim?
- Ora essa. Se nós somos amigos, por que precisamos prometer continuar sendo? Não basta... sabe... só continuar sendo?
- Sim, mas daí nós podíamos deixar de ser amigos daqui a um tempo.
- Por quê?
- Ah, sei lá. Eu poderia não querer mais ser seu amigo...
- Você não quer mais ser meu amigo? – perguntou Juca, e seus olhos marejaram.
- Não... quer dizer, claro que eu quero. Mas pode acontecer de, no futuro, eu não querer mais.
- E por que isso aconteceria? O que eu te fiz?
- Nada. Mas poderia fazer.
- O que?
- Não sei. Você poderia roubar minha namorada.
- Mas eu já tenho namorada. A Aninha. E você nem mesmo tem namorada.
- Eu sei, mas to falando do futuro. Você pode se cansar da Aninha e, de repente, roubar minha namorada.
- Eu poderia?
- Claro. Daí eu seria obrigado a deixar de ser seu amigo.
- Ah, mas se é assim, eu não roubo.
- O que?
- A sua namorada.
- Mas não é só isso, cara. E se você se mudasse pra longe, e nós perdêssemos o contato.
- Mas eu não quero me mudar pra longe.
- Pode acontecer. E se seu pai arranjasse um emprego fora da cidade. Você teria que se mudar com ele.
- Ou eu poderia ficar morando na sua casa.
- Acho que não. Minha mãe não ia gostar de ter mais um garoto lá em casa. Ela diz que eu já valho por cinco. Imagina mais você, que deve valer por mais cinco. Nenhuma mãe no mundo dá conta de dez crianças.
- Mas nós somos amigos para sempre. Você mesmo disse.
- Sim! Isso mesmo! Agora você entendeu!
- Entendi o que?
- O sentido do que a gente fez!
- O que a gente fez?
O pequeno Joca percebeu que nem mesmo a paciência de uma mãe que conseguisse dar conta de dez crianças seria páreo para o pequeno Juca. Ele, sozinho, já devia valer por umas quinze.
- Deixa pra lá. O importante é que agora nada pode nos separar.
- Mas e se eu roubar sua namorada?
- Mesmo se você fizer isso, nossa amizade será mais forte. Agora somos amigos de sangue, e isso é muito mais forte que qualquer namorada.
- Entendi.
Uma voz feminina começou a ecoar. O pequeno Juca logo reconheceu, ao primeiro grito, a voz de sua mãe. Despediu-se do pequeno Joca e, ainda com o dedo latejando, correu em direção a sua casa. O pequeno Joca caminhou sem pressa até a pequena praça verde que servia de ponto de encontro para casais tímidos que se sentavam nos bancos e ficavam trocando sorrisos contidos. Sentada em um dos bancos, encontrou uma loirinha muito simpática, cabelo preso por dois elásticos e bochecha coberta por pontinhos pretos. Ela sorriu ao vê-lo sentar-se ao seu lado.
- E então? Falou com ele?
- Falei. – ele disse, tentando manter em sua voz algo de misterioso.
- E como foi?
- Já está tudo acertado entre nós dois. Ele não vai ficar bravo.
- Que bom... eu estava preocupada. Ei, o que aconteceu com seu dedo?
- Não foi nada, Aninha... não foi nada...
Suas mãos se entrelaçaram, e eles ficaram lá, sentados, assistindo o sol desaparecer no horizonte, como se aquele espetáculo fosse para eles, e apenas para eles. Pois sabiam que o sol seria a única coisa que com certeza estaria lá em todos os momentos, nas horas boas e nas horas ruins.
Para sempre, e todo o sempre.