segunda-feira, 29 de junho de 2009

Cuspindo No Prato.


Sei que não há mais muita coisa a ser dita...
Mas o mínimo que um blog sobre música pode fazer é dedicar alguns posts para o cara que literalmente mudou a música pop.
Aliás, o cara que literalmente CRIOU a música pop!!!

Michael Jackson foi o maior responsável por unir o rock e coisas como o soul e o funk. Unir uma música dominada por brancos e outra dominada por negros.
Mais que isso, Michael Jackson foi o responsável por unir o PÚBLICO branco e o PÚBLICO negro em um mesmo tipo musical!!
E assim criou-se a música pop!!

Não apenas a música pop, mas toda a cultura pop que conhecemos hoje.
Se hoje vemos um Justin Timberlake ou uma Britney Spears dançando exaustivamente em seus shows, é porque existiu um Michael Jackson.
Se hoje vemos todos os rappers ostentando a própria riqueza, é porque existiu um Michael Jackson.
Se hoje são os astros pops que criam as tendências de moda e comportamente, é porque existiu um Michael Jackson.
Se hoje nós vemos clipes musicais como uma forma de arte, é porque existiu um Michael Jackson.
Se hoje vemos negros na MTV (aliás, se hoje ainda EXISTE uma MTV), é porque existiu um Michael Jackson.

Ele não é apenas um cara excêntrico, ou um músico genial, ou um dançarino perfeccionista ou mesmo um artista completo.
Ele é simplesmente um dos artistas mais importantes e mais influentes de todos os tempos, não só na música, mas em diversos segmentos artísticos!
E espero que as gerações mais novas, que não viveram os anos 80 ou o início dos anos 90, saibam respeitar o legado que ele deixou, sem pensar nas polêmicas e sim na obra artística.

Triste pensar que, se tivemos tudo isso, é por causa de todo o abuso que Michael recebeu na infância, quando o pai - criador do grupo Jackson 5 - o espancava quando errava o passo de alguma música. Ou o humilhava e ofendia por ser quem ele era.
Triste que toda a mudança que Michael Jackson promoveu na música é responsabilidade direta do inferno que ele passou quando criança.
E, sabendo de tudo isso, será justo julga-lo por ser "extravagante"? Por não querer crescer e aproveitar a infância que nunca teve? Por se sentir tão mal no próprio corpo que preferiu se transformar em uma outra pessoa? Por preferir conviver com crianças ao invés dos adultos que sempre o fizeram tão mal? Podemos culpa-lo por ter uma doença de pele que a clareou, o obrigou a usar uma pesada maquiagem para esconder as manchas que surgiram e o afastou de suas origens?
Ele viveu uma vida que poucos de nós suportariam.

Nunca mais teremos um artista como Michael Jackson. Temos mais liberdade em escolher o que queremos ouvir, temos muito mais artistas espalhados, mais estilos musicais, uma mídia muito mais segmentada.
Ele foi único! E nós disperdiçamos tudo o que ele ainda podia ter sido por culpa de um preconceito bobo.

Nós julgamos Michael Jackson pelo que vimos sobre ele na mídia. Se saiu no jornal, ou num site qualquer da Internet, acaba virando verdade instantânea. Se alguém afirma que ele molestou sexualmente uma criança, não importa que todos os tribunais o julgaram inocente... ele sempre carregará o estigma de "pedófilo". A verdade não importa, a verdade é sem graça. É a polêmica que seduz!
Michael não destruiu a própria carreira. Pode pegar todos seus álbuns, TODOS eles têm músicas que se tornaram clássicos. Também não foi culpa de seus traumas de infância, ou seu estilo de vida exótico. Não, nada disso destruiu sua carreira.

Fomos NÓS que a destruimos.

Eu lembro quando ele veio fazer seu único show solo aqui no Brasil, pouco depois da primeira acusação de pedofilia. Um amigo meu fez uma piada maldosa, e eu só conseguia pensar "cara, como alguém pode falar mal de alguém como o Michael Jackson?".

Engraçado como isso acabou se tornando algo normal nos anos seguintes.

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domingo, 28 de junho de 2009

Sim, mais um post sobre Michael Jackson.


Não me pergunte que ano era, só sei que ainda era comum comprar fitas K7.
Me lembro de estar sentada com meu irmão na beira da psicina (que hoje nem existe mais) lá de casa e olhar para a capa da tal fita.
Era a fita de Thriller.
Um Michael Jackson já desbotando deitado emanando um brilho (o Pavão ía gostar).

Como todo menininho 80's, meu irmão adorava o Michael.
E essa é a primeira lembrança que consegui puxar pela memória relacionada a ele.
Logo depois vem a dos meus tempo de jardim de infância, na minha classe tinha um garoto chamado Marquinhos. Ele imitava o Michael o dia inteirinho. Ele até lembrava o MJ em aparência e não dava um tempinho livre, lá estava ele fazendo seu moonwalk improvisado. Na hora do recreio depois de todos cantarmos "Meu lanchinho, meu lanchinho...", ele quase sempre levantava, rodopiava, agarrava as partes intímas e gritava "AU!"... Embaraçoso, não? Mas ele se ele era feliz...

E eu, na época que fui escrever meu outro post sobre ele, descobri que era mais fã do que imaginava.
Baixei um The Best Of e tals (já contei isso no outro post?), me peguei sabendo a letra de quase todas e em algumas eu pensava "Nossa, eu AMO essa música!".
Ingenuidade ou não, nunca dei muita bola para todos os boatos, sempre achei o cara um gênio e tinha pena do modo como ele era colocado na mídia.

Michael é daqueles que fez, faz e fará parte da sua vida... você querendo ou não.
Eu quis e vou continuar querendo que faça, porque algumas estrelas nunca se apagam.

Uma das minhas favoritas: http://www.youtube.com/watch?v=4_hz2am90Hk

terça-feira, 23 de junho de 2009

O Mutante que Cuspiu na Cara da Morte


"Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
E BRRRRRRRRUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!"


Ele é considerado um dos maiores músicos de todos os tempos.
Foi o líder criativo daquela que é considerada a maior e mais inovadora banda nacional e um dos fundadores do movimento conhecido como Tropicália.
Ídolo de gente como Tom Zé, João Gordo, Sean Lennon e Kurt Cobain, ele criou a base do rock brasileiro que é usada até hoje, dando-lhe uma identidade própria ao invés de apenas copiar o que vinha de fora.
Cultuado por qualquer pessoa com o mínimo conhecimento musical, teve que conviver com a aura de louco que o assombrava desde a juventude, fortalecida pelo uso descontrolado de ácidos, por inúmeras passagens por hospícios e por uma tentativa desesperada de suicídio (o título do post é de uma notícia de jornal da época).

Contrariando qualquer expectativa popular e qualquer diagnóstico médico, o ex-Mutante Arnaldo Baptista continua fazendo aquilo que sabe fazer de melhor:
Criar.

O documentário Loki - Arnaldo Baptista, com direção de Paulo Henrique Fontenelle e idealizado como um projeto do Canal Brasil, estreiou na última sexta-feira depois de ser aclamado em festivais mundo afora.
O filme conta a tragetória do músico desde a criação de sua primeira banda, a The Thunders, até o show-reunião do grupo Mutantes em Londres, que consolidou de fato o sucesso e o reconhecimento do grupo.
Seu período com o grupo ocupa a maior parte do filme, incluindo a participação no terceiro Festival da Música junto ao Gilberto Gil, chocando boa parte do público ao colocar guitarras elétricas em uma canção de MPB, passando pelo auge criativo da banda, seu relacionamento (e casamento) com Rita Lee e sua fase progressiva, provando que o termo "mutante" é realmente o que melhor o define.
O estigma da loucura sempre atribuído ao líder dos Mutantes é o mais explorado por Loki, mostrando por meio de depoimentos como o do parceiro (e irmão) Sérgio Dias, Lobão, Nelson Motta, Gilberto Gil e vários outros que o músico sempre andou na tênue linha que separa a loucura da genialidade. Se em uma hora ele gravava um dos melhores álbuns da música brasileira (e que, por sua vez, da nome ao filme), em outra ele chamava um ex-companheiro de banda para comandar a nave espacial que estava montando. Se em um momento ele conversava animadamente com um amigo, em outro ele simplesmente ficava incomunicável por várias horas. Se por um lado ele era um rebelde, por outro era de uma sensibilidade ímpar. Sensibilidade essa que era seu maior trunfo e seu maior fardo, que o fazia criar canções sublimes ao mesmo tempo que tornava o peso de viver algo insuportável, levando-o a se jogar do terceiro andar de uma clínica psiquiátrica nos anos 80. Depois de passar meses em coma com diversas sequelas cerebrais e ouvindo de seus médicos que jamais conseguiria criar novamente, Arnaldo superou a morte e, antes de voltar à música, encontrou abrigo na pintura (em uma sacada genial, durante todo o filme o músico pinta uma espécie de quadro autobiográfico).

Ainda assim, apesar de aplaudido em todos os festivais pelos quais passou, o documentário é bem aquém do que poderia ser feito sobre a vida de Arnaldo. Histórias curiosas como a que conta que, em uma certa época de sua vida, Arnaldo apenas se comunicava em um idioma que ele mesmo tinha criado, acabaram ficando de fora do filme. Além disso, problemas com áudio e momentos sub-ultilizados da vida do músico deixam a impressão que o filme poderia ser bem melhor. Inútil tentar pensar em por que o documentário, que insiste no ponto que os Mutantes moldaram uma identidade nacional no rock, coloca várias versões EM INGLÊS das músicas, ao invés das versões originais em português.

Independente disso, Loki - Arnaldo Baptista é obrigatório para qualquer um que deseja entender a influência dos Mutantes na música atual.
Algumas passagens, como o show de retorno dos Mutantes, conseguem deixar um nó na garganta. Em outras, é impossivel não se orgulhar, como por exemplo quando um fã reconhece o artista nas ruas de Londres, ou quando o músico Devendra Banhart afirma que os Mutantes são melhores que os Beatles.
Impossível não sentir uma ponta de vingança contra aqueles que ainda subestimam a MPB.

No final, depois de tantos debates sobre a sanidade de Arnaldo Baptista, sobre a saída de Rita Lee dos Mutantes, sobre a influência do LSD no fim da banda, sobre a tentativa de suicídio ou sobre qual o maior grupo musical de todos os tempos... a única certeza que fica é que nós não damos o devido valor aos nossos artistas, achando que a qualidade está apenas naquilo que vem do exterior.

Sem nem ao menos imaginar que um dos artistas mais influentes de todo o mundo é produto brasileiro.


PS: prometo que em breve eu faço um post dedicado exclusivamente aos Mutantes!! está no meu cronograma... =]

domingo, 21 de junho de 2009

E aquele The Kooks, hein?!


Pensa numa banda que na minha opinião entraria com o jogo ganho.
Que poderia ser como Arctic Monkeys, entrar e sair com a mesma cara, e eu ainda acharia o máximo.
Tudo que eu queria era poder estar ali cantando a plenos pulmões minhas músicas favoritas.

Quando você dá um aval desse para uma banda e ela faz mais que isso, faz do show algo simplesmente sensacional.
E isso foi extamente o que achei do The Kooks na última sexta.

Eu cheguei lá, depois de pegar um baita trânsito, quase às 20hrs. Ao longo da fila fui vendo que eu estava meio fora do padrão do público Kookiano... quer dizer, eu tenho mais de 20 anos e não estava usando nenhuma peça xadrez.
Depois de passar por uma fila gigante descobri (graçasadeus) que a fila VIP tinha sido feita em outro lugar. Score!!

Alguns teens reclamaram horrores e logo eu entendi o motivo... Assim que os portões abriram eu me senti indo ver os Backstreet Boys na época áurea deles. Um bando de menininhas e menininhos correndo para garantir um lugarzinho bem perto. Vergonha alheia foi pouca. Eu, sem correr, até consegui um lugar na grade, mas o calor que tava lá me fez ter certeza que não dava para ficar ali... E aquele era um show muito especial para perder tempo passando mal.
Saí da grade, encontrei uns amigos, tomei uma Coca e... 22:10 lá estavam eles.

Meu coração bateu tão forte como sempre bate quando vejo ali, na minha cara e em carne e osso bandas que gosto.
Fiquei estática com um sorriso na boca, mas isso não durou muito... Logo eles começaram Always where I need to be e daí em diante poucos foram os momentos que consegui parar quieta.

A sequência incial foi fenomenal! Depois de Always veio minha favorita do primeiro cd, Matchbox, e depois sem peder o pique: Eddie's Gun, Ooh La e Sway. Essa última cantei como se não houvesse amanhã.
Com alguns "obrigado"s e algumas frases arriscadas em português, o Luke perdeu todo o ar arrogante que eu via nele, todo o esforço para tentar agradar o público e principalmente a nítida felicidade em estar ali foi o que fez o show superar minhas expectativas.
Time Awaits, devo admitir, me desanimou um pouco, já acho ela chatinha... mas foi um momento para eu aproveitar e prestar atenção no Paul (que é um show aparte).

Logo depois dessa o show foi ficando cada vez mais sensacional e como não ficaria com a banda tocando um set quase perfeito, para fã de Kooks nenhum botar defeito?

Teve até a Love is like a rainbow que é nova e ninguém (acredito eu) sabia cantar... Mas que na minha humilde opinião é muito boa.

Daí veio o "fim" do show, bom... tirando o The View, acho que não vi nenhuma banda que não voltasse, além do mais quem viu o set do Chile sabia que ainda teria mais.

Luke voltou sozinho para embalar mais uma música nova. A música em si não é ruim, mas não me encantou muito ele voltar sozinho pro palco. Foi meio como o Amarante com o Little Joy só que a música que ele tocou ninguém conhecia.
Mas não fez mal não... porque ainda estava por vir o detalhe da noite que para mim fez a diferença maior.
Não consigo me lembrar se foi antes ou depois de See The Sun, mas o público quase todo começou a gritar "Seaside! Seaside!", sorrindo eles se olharam e tocaram algumas palavras e o Luke virou para nós e disse "Então vocês querem Seaside?", trocou a guitarra por um violão e disse antes de começar os primeiros acordes "Mas então vocês vão ter que cantar comigo", acho que não precisava nem pedir... Eu que nem fazia tante questão da música achei FODA, mas muito FODA mesmo eles terem tocado a música. Todo mundo sabia que não estava no set e depois do povo gastar os pulmões no Arctic Monkeys gritando Mardy Bum e nada deles tocarem, eu não esperava esse tipo de atitude.
Foi lindo... de verdade.

Finalizando com Stormy Weather e a absolutamente maravilhosa Sofa Song, eles deixaram o palco.

Mas o grand finale mesmo para mim foi o baterista e meu futuro marido Paul Garred ter ido até a beira do palco jogar suas baquetas (oe!) e apontar para o público como quem diz "o mérito é todos de vocês".

Foi sensacional. Aquele foi um show unindo banda e público. Os dois trabalhando juntos e um escutando o outro.

Eu sei que fui em um bom show quando vejo os integrantes da banda carregando no rosto o mesmo sorriso que eu.

Foto feita por Tarsila dos brothers.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Móveis Gratuitos por 19 Reais...!


Tenho uma confissão a fazer.
Fico até meio envergonhado de falar isso, principalmente por ter um blog sobre música e tals...
Aposto que serei julgado por muitos.
Alhguns não me olharão mais com os mesmos olhos.
Mas se é pra falar, vou falar logo, como quem arranca um band-aid.
Então... lá vai:

Eu não baixo música!!

É isso.
Não uso MySpace, Trama Virtual ou qualquer um desses programas malucos para conseguir um CD inteiro pelo computador.
O máximo que eu faço é escutar uma música ou outra pelo YouTube.
Pronto. Podem jogar suas pedras.

Começou por causa do fato de eu ser um completo analfabeto digital (no meu caso, mesmo usar o Word ou o Paint já é um risco mortal).
Depois, acabou se tornando costume... ou talvez a falta dele.
Não sei, talvez eu seja um conservador. A verdade é que, pra mim, a graça de escutar uma banda está em esperar tal CD chegar nas lojas, juntar uns 30 reais e te-lo entre a minha coleção. Não no meu i-pod, ou no meu LastFM. Na minha coleção, onde eu posso olhar, pegar, ler o encarte, colocar no meu disc-player, escutar no meu carro.

Por outro lado, isso acaba me tornando também um analfabeto musical.
Preciso que os outros me digam as novidades musicais. Além disso, muita coisa boa acaba não chegando no Brasil (ou chega depois de alguns muitos anos), o que me obriga a importar ou sentar em um banquinho e esperar (devido à grana curta, a segunda opção é a mais comum).


Tudo isso é só para dizer que, apenas agora, algum tempo depois que o novo álbum do Móveis Coloniais de Acaju, o C_MPL_TE, ter sido totalmente disponibilizado na Internet pela própria banda, eu pude ouvi-lo... não sem antes desembolsar 19 reais, lógico.
A empolgação era grande, visto que o álbum anterior (Idem, o primeiro da banda) foi uma das melhores surpresas nacionais dos últimos anos.
Além disso, a banda proporciona ao seu público aquele que é considerado um dos melhores shows de uma banda nacional.
Por tudo isso, eu estava muito empolgado em colocar o meu CD novo no disc-player do meu carro...

E digo, com um sorriso nos lábios, que a empolgação foi recompensada.

Se antes a banda se focava no ritmo e em letras mais simples, nesse segundo CD ela acaba dando uma atenção muito maior à melodia. Isso fica claro em músicas como Pra Manter ou Mudar e O Tempo, escolhida de forma unânime (por mim) como a melhor do álbum e talvez de toda a carreira da banda.
Engraçado como, mesmo sendo bem diferente do trabalho anterior, o C_MPL_TE consegue soar como uma sequência direta de seu antecessor. Não apenas uma sequência, como uma evolução!
As letras parecem mais elaboradas, as músicas estão mais originais... enquanto que o Idem parecia um pouco irregular e inconsistente, o novo trabalho consegue criar uma unidade, mérito que em grande parte se deve ao trabalho praticamente irretocavel do produtor Carlos Eduardo Miranda.
De longe melhor e mais maduro que o álbum de estréia da banda, que se continuar nesse ritmo, tem tudo para se tornar uma das grandes bandas da MPB atual.
Entre as melhores ela já está.


E, pra ser sincero, é um prazer ímpar ver um CD tão bom em meio à minha coleção...
Nada como um dinheiro bem gasto!

domingo, 14 de junho de 2009

Ecos da Virada

Sim, eu sei que a Virada Cultural aconteceu há mais de 1 mês atrás...
Mas devido àquela pataquada de Primoroso Top-5 do Brancatelli e minha viagem quarta passada, eu acabei não podendo postar nada sobre ela por aqui.

Acabei indo apenas no domingo e assisti a apenas 3 shows, um número rídiculo perto do total de atrações.
Mas deu pra sentir o que é a Virada e a multidão que se acomoda no centro de São Paulo.
E essas são minhas impressões:


NOVOS BAIANOS

Ok, tenho vergonha de dizer que meu conhecimento sobre os Novos Baianos era medíocre antes de assistir ao show deles no domingo.
Confesso que faço parte de uma geração alienada, ignorante de boa parte da boa MPB. Antes de domingo, eu simplesmente não entendia a importância de Pepeu Gomes, Baby do Brasil, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor e cia. Por isso, posso dizer que depois daquele domingo, sou um garoto mais feliz!!
Mais feliz por conhecer músicas como A Menina Dança, Mistério do Planeta, Preta Pretinha e boa parte do álbum Acabou Chorare, considerado pela revista Rolling Stone o mais importante álbum de MPB de todos os tempos (boa parte, porque eu realmente não suporto a faixa que da nome ao disco).

Seja pela percussão criativa, pelos vocais charmosos ou pelas guitarras perfeitamente colocadas, os Novos Baianos acabaram criando músicas que até hoje são extremamente inspiradoras, influenciadas por gente como João Gilberto e Caetano Veloso (e que acabaram influenciando estes e inúmeros outros artistas).

Obrigatório conhecer!!!
Tenha vc a idade que tiver...


COMADRE FULOZINHA

Fui assistir ao show do Comadre Fulozinha influenciado pelo meu irmão.
Vinda de recife e com um som extremamente regional, a banda é liderada pela vocalista, percussionista e compositora Karina Buhr, que apesar de não ter uma grande voz, se da muito bem interpretando suas próprias músicas.

Escutei ao álbum Vou Voltar Andando e, apesar das músicas gostosas e das ótimas letras, a energia do show parece ser o grande diferencial. As músicas não apresentam nenhuma mudança, mas estar em meio ao público todo dançando ao ritmo de um som tipicamente nordestino é uma sensação bem bacana.
A Karina Buhr tem também uma elogiada carreira solo, mas sobre ela eu falo numa outra oportunidade.

Para quem quiser conhecer o trabalho da banda eu recomendo a música 2 de Janeiro... que pode ser escutada no Trama Virtual, por esse link aqui (é só clicar)!!


MARIA RITA

Certo, preciso ser sincero com vcs...
Eu juro que era um grande fã da Maria Rita.
Quando ela surgiu foi um estouro, todo mundo falava sobre, dizia que a performance dela ao vivo era algo único, cheio de emoção...
Com o peso de ser a "filha da Elis Regina", a cantora lançou um primeiro álbum bacana e despontou como a grande sensação da MPB, apadrinhada por gente como Milton Nascimento e adotando composições de talentos em ascenção, como o Hermano Marcelo Camelo. É dele, aliás, duas das melhores músicas do álbum, Cara Valente e Santa Chuva.

Agora, depois do terceiro CD da cantora, fui assistir ela ao vivo.
E me decepcionei profundamente!!!

Afetada, artificial e exageradamente piriguete, Maria Rita parece ter deixado para trás o ar de boa moça e a sensação de "a música é tudo o que importa", usando trajes mínimos e exibindo o corpo como se ele fosse parte do show. Na minha opinião, não pega bem, mas até aí é uma escolha dela.
O que irrita é que tudo parece muito robótico, muito esquematizado. Sua performance ao vivo era EXATAMENTE idêntica ao que eu já tinha visto em seus DVDs. Cada dancinha, cada brincadeira com a platéia, cada cara e cada boca que ela fazia. Nada ali era realmente espontâneo, e nada realmente funcionava.
Além disso, a cantora padece da maior falha de sua mãe: fracos compositores, em sua maioria. E enquanto que Elis Regina ainda conseguia pegar uma péssima composição e transforma-la em ouro devido ao seu carisma, Maria Rita simplesmente acaba com músicas fracas e cheias de clichês, salvas algumas exceções.

Uma pena, pois ela tem sim talento para fazer muito mais.
Ao vivo, porém, é decepcionante!


Reeeeesumindo, fui à Virada meio que obrigado, no último dia...
Mas garanto minha presença por lá no ano que vem para ver, espero, muito mais que apenas 3 show!

Portanto, se vc achou este post grande, imagine o da Virada 2010...! =P

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O que é isso???


Mas o que diabos essa garota está fazendo aqui de novo?
Pois é, queria informar que o blog agora é só meu.


NOT.

O garoto foi viajar e não pode postar (e eu aprendi a rimar), então farei as honras nessa quinta feira e ele posta segunda.
Além do mais quero muito contar do show neam?!

Vamos lá, o Brancatelli me levou até o local porque era loooooooooonge e fiquei esperando minhas amigas lá na porta.
Primeira impressão: MIADO!

Entramos, sem eu nem ter idéia do que mais iria tocar naquele dia.
Segunda impressão (agora lá dentro): MIADO!!

Não demorou muito e a tal de Mickey Gang começou ("Eles nunca pronunciaram esse nome em voz alta para vez que soa horrível?! - Caroline Gonzalez), me lembrou um misto de Foals com MGMT, mas sem novidades... mais do mesmo. Tecladinhos e voz desafinada.
Eu até tava simpatizando com eles, mas depois de um cover -engraçadinho FAIL de Blink e chamar The View de "cover de arctic monkeys" quero mais é que eles vão para PQP.
Agora entendi a frase do vocalista quando entrou no palco "Pensei que São Paulo não gostasse muito da gente"... Olha, SP toda eu não sei... mas eu não gosto, beijos.

Mas depois vieram os mini craques rapazes do The View...
Mel dels...
Eu não esperava tudo isso deles não... Daquele tamanhico e fazendo um show daqueles? (num mi aguentooooo) Para uma platéia de gatos pingados, num país que para eles não devia fazer muito sentido,... eles se jogaram no roquenrou!
O setlist misturou bem as músicas do primeiro e do segundo cd, do segundo eu não sabia quase nada e aparentemente eu não era a única.... tirando umas 10 pessoas, ninguém sabia cantar a maioria das músicas. Mas animadíssimos e falando um monte de coisas que não entendi por causa daquele bendito sotaque, eles tocaram sem perder o pique.

Fui sem expectativa nenhuma e saí satisfeita.
Acho que The View tem lugar garantido no meu coração já.
Ou seja, se você não foi "perdeu, playboy... perdeu!".

domingo, 7 de junho de 2009

Monte na sua bicicletinha!


E aí? Você conhece o Bombay Bicycle Club?
Não?
Nem eu.

Até fim-de-semana que vem, pessoal...




OE! BRINKS!
Achou que eu ía deixar vocês na mão?
Nananinanão!

Lembra do tempo que eu era vagal? Que eu não tinha nadica de nada para fazer? Boizé... The good old days! Então, um dia eu estava tão entediada, mas tão entediada que resolvi escutar minhas recomendações do last fm, anotar as bandas que me agradassem e baixar. Um das premiadas foi a Bombay Bicycle Club, naquele tempo a única coisa disponível deles era um EPzinho batuta... Escutei e A-DO-REI!
"Por que não falou antes deles aqui heeeeeeeeein?" ¬¬
Logo depois disso meu computador pegou um vírus v1d4l0k4 e tive que deletar um monte de coisas e os garotos do clube da bicicleta acabaram rodando.

Eis que depois de um tempo querendo fazer textos que não fossem recomendando bandas novas, resolvi agraciá-los com essa dica MUITO legal.

O BBC é lá do norte de Londres e é formado por amigos de escola. O nome é baseado em uma rede de restaurantes britânica (e ninguém reclamou diretos autorais ainda?).A banda existe desde 2005 e já ganhou o festival "Road to V", como prêmio tocaram no V Festival. Também participaram do Reading Festival.
Quem produz a banda é Jim Abiss que já produziu os meus, os seus, os nossos amados Monkeys.

O primeiro cd deles só sai oficialmente dia 06 de julho desse ano, mas já está disponível por aí, sabe? Não estou sugerindo nada, mas você sabe vai que você acaba achando um link para baixar por aí?!


É uma banda engatinhando mas que já mostra habilidade pra coisa, um vocal arrastado e guitarras divertidas fazem valer a pena ter a banda na sua playlist.

Se meus argumentos não convenceram, fica por conta deles.
Always Like This

terça-feira, 2 de junho de 2009

Vamos Voltar à Pilantragem...

"Eu era neném
Não tinha talco
Mamãe passou açúcar em mim...!"



Imagina só a cena...

1969.
Maracanã lotado.
Não para um clássico Fla-Flu, e sim para o show do músico Sérgio Mendes.
No palco, um só homem rege descontraidamente um coral de cerca de 30 mil pessoas, com a confiança de quem sabe ser o artista mais popular do Brasil.

Não, não era o Sérgio Mendes.
O homem que tinha todo aquele público nas mãos era um negro de origem humilde, chamado inicialmente para abrir o show, mas que acabou se transformando na atração principal.
E seu nome, no auge do sucesso, foi estranhamente esquecido nas 4 décadas seguintes.
Ou, pra ser mais exato, completamente APAGADO!

O nome?
Wilson Simonal.

Estreiou há algumas semanas o documentário Simonal: Ninguém Sabe o Duro que Dei, do trio de diretores Calvito Leal, Micael Langer e (do Casseta) Claudio Manoel.
Dividido em 3 partes, o filme mostra o reinado absoluto de Simonal na década de 60, passando pelo episódio que destruiu sua carreira e culminando numa espécie de "redenção".

Explico: no começo da década de 70, o cantor suspeitava que estava sendo roubado pelo seu contador, Raphael Viviani. Nervoso, mandou alguns amigos aplicarem uma surra no suposto ladrão. O problema é que esses seus amigos eram policiais do DOPS, o órgão de censura, repreensão e tortura da ditadura militar.
Depois da história vir a tona, não demorou muito para que o nome de Simonal fosse associado diretamente à ditadura e pintado como delator pela imprensa. Daí em diante, Wilson Simonal foi rejeitado pelos próprios colegas, não arranjou mais shows, teve toda sua popularidade destruida, afundou-se na bebida e morreu praticamente no ostracismo.
Tudo isso sem que ninguém apresentasse uma única prova contra ele. Tanto que em 2003, 3 anos após sua morte, teve seu nome limpo pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a partir de um documento da Secretaria Nacional de Direitos Humanos que informava que não existia nenhuma prova de que tinha cooperado de qualquer forma com a ditadura.

Em sua maior parte, o documentário tenta jogar um pouco de luz sobre o que levou um dos maiores nomes da nossa música a ser varrido para debaixo do tapete. O principal motivo seria um certo preconceito pelo fato dele ser um negro ostentando tudo o que havia conquistado, seja carros, mulheres ou o sucesso.
Mas o documentário deixa claro que a verdadeira culpada foi a arrogância e alienação política do próprio Simonal, que ao invés de levar o assunto a sério, costumava rir das acusações. Quando percebeu o buraco em que estava, já era tarde demais.
Depoimentos de gente como o pessoal do Pasquim (publicação de esquerda que pegou o músico pra Cristo e jogou seu nome na lama) e até do contador Raphael Viviani, pela primeira vez falando do assunto, mostram bem isso.
A parte final, com um Wilson Simonal esquecido e fragilizado, aparecendo em programas de segunda para tentar limpar o próprio nome, é de uma tristeza única. Nada lembra a figura carismática do passado, cujo lema era um "alegria, alegria" dito de modo, muitas vezes, irônico.

Mas está na primeira parte do filme o verdadeiro motivo de ser do documentário.
Seja nos depoimentos de amigos e dos filhos (os músicos Simoninha e Max de Castro) ou nos registros históricos, Ninguém Sabe o Duro que Dei faz jus à carreira de Simonal.
O dueto dele com a cantora Sarah Vaughan simplesmente faz com que a vontade de qualquer um seja levantar de sua cadeira e aplaudir. E digo isso sem o mínimo exagero.
Apesar de seu final nada feliz, são esses momentos que conseguem colocar um sorriso nos lábios do público, que dura até depois dos créditos terminarem, na lembrança das cenas que passaram.

É triste o fato de muita gente não conhecer aquele que, em sua época, tinha uma popularidade incomparável, maior até que a de Roberto Carlos.

Hoje ele ainda parece meio "maldito" nos meios de comunicação. A própria Internet ainda parece ter um certo receio de tocar no nome do cantor, tendo pouca informação para quem quer conhecê-lo.
O filme serve de esperança para que uma nova geração finalmente conheça e se interesse pela obra de Wilson Simonal.

Apenas sei que meus olhos marejaram nos últimos segundos de filme, ao som de Sá Marina:

"Roda pela vida afora
E põe pra fora esta alegria..."

Deixa cair, Simonal.

.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Só melhora.



Vocês devem se lembrar do texto do garoto Brancatelli sobre o show do Móveis que fomos... Nós dois sem conhecer quase nada deles ficaram apaixonados pela banda.

Aí veio o fantasma do segundo cd.
Eu fiquei MUITO preocupada, de verdade, com o que viria... Depois da decepção que tive com Fratellis, eu acabei com a impressão que bandas que eram muito geniais e diferentes logo de cara não conseguiriam manter a receita.

Desde o último show do Móveis eu fiquei com muita vontade de repetir a dose, de poder ver o show sabendo as músicas, etc. Oportunidades até existiram mas acabei não conseguindo ir, mas no último dia 22 ninguém e nada pode me impedir.
Eles fariam dois shows do Sesc Pompéia para o lançamento do segundo cd C_MPL_TE, quando fui comprar na quinta feira, o show de sábado já estava esgotado! No último show que fui não parecia ter gente o bastante para esgotar ingresso, mas...

Saí do trabalho e fui com o Brancatelli para lá, encontramos o Marcelo e rumamos para o palco. O lugar é muito bacana! De verdade, se você nunca foi ver um show no Sesc Pompéia, vá! É amplo, tem pista, tem mesa, tem bar, o placo é grande e bem iluminado, não é abafado. Muito bom mesmo!
Pegamos nosso chopp e rumamos pra perto do palco.

E aí foi mais uma viagem sem volta.
O show foi quase inteiro com músicas do novo cd, então foi quase a mesma surpresa que na primeira vez... Claro que dessa vez já tinhamos mais o clima da banda e não estavamos tão acanhados quanto na primeira vez, mas isso não impediu de nos impressionarmos mais uma vez.
Com a qualidade das músicas novas, que não deixam a desejar em nada em relação ao primeiro cd. Com a empolgação e animação da banda, eles estavam tão extasiados quanto da primeira vez só que dessa vez estavam embasbacados com o fato de as músicas estarem na internet há duas semanas e quase todo mundo ali saber cantar.

É encantador o jeito como eles lidam com o público, saber fazer todo mundo sair do lugar... levantar os braços, pular e até a ajudar a cantar o ritmo da música.

Não vi nenhum sinal de insatisfação no rosto de ninguém e nem poderia haver. Foi perfeito. Teve direito até a chuva de prata com pulseirinhas do estilo 'nosso senhor do bonfim' personalizadas com o nome da banda e o nome do cd. Na hora me frustei por não ter conseguido uma, mas no caminho de volta até o carro achei uma caída no chão em perfeito estado (peguei do chão MERMO!)... Saí de lá com um pulseirinha e com um cd (o primeiro que eu ainda não tinha) dado de presente pelo Brancatelli.

É impredível, os shows internacionais vão ter que fazer bonito para chegar ao nível deles e concorrer ao prêmio Two Cold Fingers. ;)