quarta-feira, 30 de abril de 2008

A Volta dos Nerds...



Pra mim, tudo começou no ano de 2001.
Eu estava no meu primeiro colegial, época em que eu passava 90% do tempo com um fone enfiado nos ouvidos, no fundo da sala de aula. Naquela manhã em particular, na pressa de sair de casa, afanei o cd-player do meu irmão sem nem olhar o que tinha dentro. Já dentro do colégio, iniciei meu ritual: Me sentei na carteira mais ao fundo, apertei a tecla on e fechei os olhos.
E foi aí que toda a minha mentalidade musical começou a tomar forma.
Até aquela época, tudo o que eu escutava era aquilo que fazia sucesso. Aquilo que tocava no rádio. Eu nunca tinha "descoberto" uma banda, nunca tinha ido atrás das coisas que eu gostava. Minha noção de "indie" ou "alternativo" era basicamente NULA!!! Eu escutava coisas como Nirvana, Blink 182, Silverchair... mas não tinha a mínima base para entrar em uma discussão sobre música. Meu CD favorito por exemplo, se bem me lembro, ainda era o Dookie, do Green Day... mais clichê, impossível!!!
E lá estava eu, sozinho, escutando a banda que mudaria para sempre a minha vida.

O CD se chamava Pinkerton, e era o segundo album do Weezer, lançado em 1996.
E foi então que um novo mundo se abriu para Thiago Brancatelli!


Hoje, 7 anos depois daquela manhã, o Weezer está prestes a lançar o seu sexto album.
Mas diferente daquela manhã, hoje eu já conheço bem a banda.
Conheço todos seus CDs, conheço toda a sua história, seus integrantes e suas músicas.
Conheço os métodos de composição, as influências e as canções nunca lançadas.
Conheço os nomes dos baixistas que saíram e dos que entraram na banda.
Conheço seus sucessos e seu fracassos.

E mesmo assim, eu simplesmente ainda não sei o que esperar desse novo CD!!!

Eu já senti orgasmos multiplos escutando coisas como o próprio Pinkerton, ou o Blue Album... mas também já me decepcionei profundamente com porcarias como o Maladroit (quarto album do grupo).
Sei que, quanto mais eu esperar, maiores são as chances de eu sair frustrado.
E é nessa parte da história que eu me ferro:

Agora no começo de abril, a banda liberou na net o primeiro single do CD, chamada Pork and Beans, que pode ser ouvida no site www.weezer.com .
E preciso ser sincero com vcs e comigo mesmo...

É simplesmente IMPOSSÍVEL não esperar demais do CD depois de ouvir uma música dessas!!!!

A música tem tudo aquilo que fez do Weezer uma das maiores bandas dos anos 90.
Letras com um humor sarcástico e ácido... uma melodia pop leve e alegre que explode no refrão distorcido e grudento... "segundas vozes", tanto no refrão quanto fazendo coisas como "hey, hey" no decorrer da música... tudo isso para criar uma música com a marca Weezer, daquelas que vc, mesmo sem perceber, começa a assoviar na fila do supermercado ou debaixo do chuveiro.

Sei que não posso me empolgar por causa de uma simples música.
Mesmo o já citado Maladroit tinha músicas boas, como Keep Fishing por exemplo.
E o último album da banda, o Make Belive, apesar de não ter nenhuma música ruim, também era apenas uma caricatura do que a banda foi nos dois primeiros CDs.
Sei que é esperar demais que eles cheguem novamente à genialidade de coisas como Say It Ain't So, Only In Dreams, Across The Sea ou Falling For You... afinal, se o novo CD estiver no nível do Make Belive já será um alívio.
Mas seria legal ver o Weezer de volta com a glória do passado.

Ou eu sou apenas um fã velho, chato e nostálgico.
Vai saber...


PS: engraçado notar que a letra de Pork and Beans fala exatamente sobre como "fazer sucesso", como ser "cool" nos dias de hoje (cuidar da aparência, fazer o que o público quer, chamar o Timbaland para produzir seu disco) ... culminando no refrão em que Rivers Cuomo diz que não precisa provar nada a ninguém, que finalmente está bem com seu "eu" interior e que não dá a mínima para o que os outros pensam!!!
Resumindo, a verdadeira aula de como ser "cool" está no refrão.

Ok, sr. Cuomo... eu entendi o recado!
E que venha o novo Cd...

domingo, 27 de abril de 2008

A trilha sonora das nossas vidas


Música é tudo na minha vida. Sou a maior fã da pessoa que inventou o mp3 player, ela simplesmente fez minha vida mais feliz permitindo que eu pudesse levar minhas músicas comigo onde quer que eu fosse...

A música tem um poder incrível, dentre eles o de alterar o meu humor. Em dias péssimos, daqueles que faz frio quando você está de regata, daí chove (e sua regata era branca) e, pra completar, você pisa numa poça com seu tênis novo... uma música alegre tem o poder me fazer esquecer de tudo nem que seja durante seus poucos minutos (é, poucos... não consigo ser fã de músicas que duram sei lá, uns 8 minutos, mas isso não vem ao caso) e,ao mesmo tempo, posso estar com o melhor humor do universo e mesmo assim algumas músicas me levam as lágrimas, por terem letras e melodias tristes ou então por estarem associadas a momentos ou pessoas que me trazem más lembranças ou saudade.
Aliás, ta aí uma coisa que eu faço muito (além de mudar de assunto constantemente): associar músicas a pessoas e fatos. Todo mundo (ou quase) diz que a vida deveria ter trilha sonora (tem até comunidade no orkut!Bom, e o que não tem?), mas na minha opinião a vida TEM. Essas associações acontecem como nos filmes e formam a trilha sonora das nossas vidas, claro que as músicas só estão na sua cabeça, mas estão lá. Por exemplo, toda manhã de domingo me lembra Easy, do Faith No More (sei que tem uma versão mais antiga, mas gosto mais dessa), e Beg, Steal or Borrow, do Babyshambles, me lembra esse garoto que também escreve aqui. Nem sempre essa associação é boa, tem vezes que você não consegue mais ouvir uma música que amou porque fez associação com alguém que deu mancada com você, como Sour Girl do Stone Temple Pilots, que é muito boa, mas me faz lembrar de coisas ruins. E também tem aquelas músicas que parecem ter sido feitas para situações especificas: música pra andar na rua, música para dirigir, música pra tomar banho de chuva.... Quem nunca, caminhando por aí ouvindo música, se sentiu em filme porque a música que tocava parecia ser perfeita para aquele determinado momento.

Mas e se sua vida fosse um filme, já parou pra pensar que música definiria cada momento? Qual seria a música de abertura? Que música representaria seu funeral?
Um dia recebi um desses questionariozinhos de internet, daqueles que se posta em blogs e fotologs quando não se tem nada muito interessante para dizer, e ele vinha com uma idéia muito bacana... você colocava todas suas músicas pra tocar, mandava ir no modo aleatório e na ordem que tocasse você ia colocando na seqüência de um filme... e essa seria a trilha sonora da sua vida...

Mas e se ao invés do aleatório, fosse VOCÊ que escolhesse essa seqüência?

A minha ficaria mais ou menos assim (olha, daqui um mês essa seqüência provavelmente vai ter mudado)... e a sua?

CRÉDITOS INICIAIS:
Meu filme deveria começar com Strokes, acho que eles me representam. Strokes traduz em letras e melodias quem eu sou.

A escolhida é ‘Soma’, minha música favorita do meu cd favorito.

ACORDANDO:
Chelsea Dagger do Fratellis. Porque é a música que meu celular toca pra me despertar e porque ela tem o poder de me alegrar e me dar forças pra encarar o dia.


FACULDADE:
That thing you do (do filme The Wonders) me lembra a faculdade, me lembra das reuniões de grupo que tinhamos... vez ou outra acabavamos cantando essa música.

SE APAIXONANDO:
Fica difícil escolher uma música para o ‘se apaixonar’, cada pessoa teve uma música (que já foram de NSync a Reggaes bregas, e eu NÃO me orgulho disso ok?).


CENA DE LUTA:
Pushing me away do Linkin Park tem o poder de me fazer ficar puta! Posso estar calma, mas essa música me lembra de ficar brava com alguma coisa.


TERMINANDO O NAMORO:
A mesma coisa de se apaixonar, cada vez é diferente...mas se eu pudesse definir uma seria Do me a favour do Arctic Monleys. É perfeita.


VIDA:
Mad Season do Matchbox 20. Escute e me veja nela.


DIRIGINDO:
Engraçado, eu nem gosto tanto da banda assim, mas sempre quis dirigir ao som de Rollin’ do Limp Bizkit!

MORTE:
Adam’s Song do Blink 182. Sempre me faz pensar na morte


FUNERAL:
What became of the likely lads do Libertines. Simplesmente porque queria todos meus amigos cantando em coro “What became of forever…”

CRÉDITOS FINAIS:
Walking After You – Foo Fighters. Fim.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O incríííível post que te explica o porquê de eu adorar o Charlie Brown Jr e o NXZero... o.O (ou Eu Não Sei Escrever Bons Títulos... Mas Que Se Foda!)


Outro dia, vasculhando a Internet, eu encontrei uma auto-entrevista do jornalista e músico da banda Ecos Falsos (que vcs ainda vão ouvir falar por aqui), Gustavo Martins... e um trecho em especial me fez pensar. Não consegui encontrar o texto inteiro para postar por aqui, mas o trecho dizia exatamente o seguinte:

"O povo vive falando do "estouro da Internet", mas se for ver, quem são nossos Arctic Monkeys e Lily Allen? O NXZero e a mulher do "Vai Tomar no C*" [risos], são os únicos que chamaram atenção de verdade.”

Sabe... o quão triste é isso, meu Deus???

Com tanta coisa surgindo musicalmente no Brasil, o que mais fez sucesso foi uma banda emo idêntica a todas as bandas que fazem sucesso por aqui, além de uma música-piada chula e besta composta por uma comediante a fim de se promover. Nada contra, mas será que isso realmente era o que tinha de melhor que tinha para ser escutado na língua portuguesa? Será que versos como "entre razões e emoções, a saída é fazer valer a pena" cantados em meio a guitarras milimetricamente distorcida faziam do NXZero a melhor coisa a ser baixada na Internet?
Por que será que, enquanto lá fora as pessoas procuram a "próxima grande coisa", nós nos contentamos com o básico?
A resposta não é nada difícil:

Nós gostamos do básico!
Nós queremos tudo igual!
Nós adoramos o "mais do mesmo"!

Para uma cultura onde reina a diversidade, o que nós realmente queremos é aquilo que nosso ouvido não estranha. É muito trabalhoso acostumar nossos ouvidos ao novo, muito cansativo. Melhor continuarmos com as mesmas letras de sempre, as mesmas rimas, a mesma batida de bateria, a mesma produção, a mesma pose rebelde-romântica... enfim, a mesma fórmula que transforma a mediocridade de um Charlie Brown Jr ou de um Fresno em sucesso instantâneo.

Adicione também a essa fórmula o "fator MTV" de super-exposição e vc terá encontrado o caminho para atingir em cheio os ouvidos da nossa juventude. No momento que uma banda faz algum sucesso, a ex-rede musical começa sua transmissão initerrupta de clipes, vídeos, entrevistas, intimidade, novidades, fofocas e boatos sobre a "melhor-banda-de-todos-os-tempos-da-última-semana", tornando-a a nova sensação. Tornando-a a nova moda.
E não, nós nem podemos culpa-la. Seria como culpar um cara muito burro por ser muito burro, ele não tem culpa de ser assim. E mesmo quando ela tenta se colocar como "alternativa", ela consegue queimar talentos promissores, como fez com a jovem e já super-exposta Mallu Magalhães. Com um som mais "dificil" aos ouvidos pops da audiência da emissora, a garota agora tornou-se "cansativa", aparecendo em todos os jornais, revistas e programas. Não, a culpa não é apenas da MTV. É uma ação conjunta de toda a mídia, que torna aquilo que é alternativo ainda mais alternativo, e aquilo que é pop ainda mais pop.

O único consolo que podemos ter é que, enquanto a maioria continua aderindo apenas à fórmula de sempre, o caminho fica livre para que possamos curtir o que realmente importa, sem nos importarmos com super-exposições ou modas passageiras.
Porque independente do quanto nós gostamos de uma banda, sempre encontramos em nós uma ponta de egoísmo. Nós não queremos que aquilo que gostamos se torne um sucesso. Não queremos que nossas bandas favoritas tornem-se pop. Não queremos ver a intimidade dos nossos ídolos invadida em uma revista de fofoca. Não queremos que gostem deles pelo visual deles, pela beleza deles ou por qualquer outro motivo superficial... gostamos de pensar que a música é a única coisa que importa.

Por isso, espero sinceramente que coisas como NXZero, Fresno e Charlie Brown Jr continuem fazendo sucesso...
Espero que a MTV continue desgastando a imagem daqueles que não se adequam à imagem pop que ela tanto adora...
Espero que nossos Arctic Monkeys e Lily Allen continuem sendo o NXZero e a mulher do "Vai Tomar no C*"...

Porque esse é o melhor jeito de saber o que REALMENTE vale a pena.

Obrigado, NXzero.
Obrigado, Charlie Brown Jr.

Obrigado, ignorância musical brasileira...!

domingo, 20 de abril de 2008

We rule the world, this is our world

Eles entram no palco.
O figurino dos 5 é igual. Mas um é muito diferente do outro.
Começa a primeira música.
Um baterista cheio de pose gira as baquetas, as jogas pro alto e pega de volta no meio da música e mantém um olhar penetrante na platéia.
Um baixista baixinho e gordinho (você chega a se perguntar se aquela não seria uma figura um tanto quanto improvável em um banda de rock), ostenta um bigode simpático e uma pose séria.
Um guitarrista gordinho, daqueles que suam sem não poder mais, que faz backing vocals com tanta energia que seu rosto vai ficando cada vez mais vermelho ao longo do show.
Outro guitarrista que faz daquele show seu show pessoal, a famosa jogada de guitarra que leva o público ao delírio e outras peripécias com o instrumento, acompanha os backing vocals cheio de energia.
E por fim um vocalista com um carisma visto em poucos, que dá saltos, sacode a cabeça e o corpo, grita até a voz falhar, vai até o público e conversa com a platéia o tempo todo. O repertório de frases dele é cheio de uma arrogância (que logo é notada ser extremamente montada para criar uma imagem pra banda) e coisas nonsense.
Chris Dangerous, Dr. Matt Destruction, Vigilante Carlstroem, Nicholaus Arson e Pelle Almqvist.

Ou melhor: The Hives

Hives é uma banda sueca que surgiu em 1993, mas atingiu prestígio no começo dos anos 2000. A música ‘Hate to say that I told you so’ atingiu as paradas e mostrou que o Hives, com seu ‘garage rock revival’/punk/um rock agitado, tinha vindo pra ficar. Antes desse sucesso a banda já tinha um cd, o Barely Legal. Depois dele vieram Vini Vedi Vicious, Tyrannosaurus Hives e o novo The Black and White Album.

Os cds são todos recheados de músicas cheias de força e de uma energia frenética, e de letras que compõe a identidade da banda.
A chegada do novo álbum assustou muita gente, ainda mais quando saiu que na produção encontravam-se figuras como, Pharrell e Timbaland. Um disco ousado, com algumas músicas com uma levada mais lenta, mas em sua maioria mantendo um ritmo ‘hives’ de ser fazer rock.

Mas além de tudo isso, eu diria que o grande trunfo da banda é sua apresentação ao vivo. A descrição que dei no começo do texto não é nada perto do que é um show deles. Mais de uma hora onde a banda não pára um minuto, onde a energia dos acordes flutua e contagia a platéia, a voz de Pelle instiga todos a não ficarem calados (menos nas raras ocasiões em que ele manda todos calarem a boca para falar alguma de suas frases) e não pararem de se mexer. Os terninhos e as poses imponentes vão se dissolvendo e eles viram os 5 suecos que sabem fazer rock como poucos. Não é a toa que já foram eleitos uma das melhores atuações ao vivo do rock. A figura do carismático, frenético e surtado Pelle é essencial para o espetáculo, ele que não deixa o ritmo cair nem por um minuto e talvez por isso tenha sido considerado um dos 50 melhores ‘frontmans’ da história da música.






Tem muito mais para se escrever sobre Hives, cada característica da banda (atitude, mistérios, piadas, clipes e até os nomes verdadeiros dos integrantes) renderia um post. Mas vou finalizar por aqui dizendo que se Hives no cd é muito bom, ao vivo eles são FANTÁSTICOS! (Pelle diria que eles são os melhores do mundo, mas vou ser mais humilde.)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

There Is A Light That Never Goes Out (ou O Rei Não Morrerá Jamais...)

No vídeo, um homem com seus quase 50 anos de idade canta em um palco. Enquanto o homem canta, à frente de uma tela que exibe o rosto icônico de James Dean, várias pessoas invadem o palco para agarrá-lo, mesmo que por apenas alguns segundos. Pessoas que têm idade para ser seus filhos. Pessoas que não eram nem nascidas quando esse mesmo homem fundou a banda que se tornou uma das mais influentes de todos os tempos. Pessoas que, se não o reconhecessem como uma lenda viva, o chamariam de tio. Pessoas que não fizeram parte da geração da qual esse homem foi considerado a principal voz.

Porque o homem que canta chama-se Morrisey.
E as pessoas que o assistem, na Inglaterra monárquica da rainha Elizabeth II, são seus súditos.

Estranho imaginar a influência que esse tio teve para a música. Estranho também ligar esse mesmo senhor de meia idade ao ícone dos anos 80 que, à frente dos Smiths, fez história num mundo ainda baqueado pelo furacão que foi o punk. A banda, criada em 1982 e batizada com o sobrenome mais comum da Inglaterra para mostrar que seus integrantes eram “pessoas comuns”, durou apenas 5 anos, mas consolidou Morrissey e o guitarrista Johnny Marr como uma das duplas mais produtivas da história do pop. As ácidas críticas políticas e a poesia melancólica das letras de Morrisey cabiam como uma luva nas músicas melódicas e certas vezes até animadas de Marr. Além disso, Morrissey sabia como causar polêmica, com suas opiniões bombásticas, seu cinismo, seu celibato por opção, sua sexualidade e seu vegetarianismo divulgado em canções e entrevistas (o nome do segundo álbum do grupo é “Meat is Murder” – carne é morte!).

Em 1987, o grupo se dissolveu, abrindo caminho para que Morrissey iniciasse sua já esperada carreira solo. O início foi promissor, com sucessos como Suedehead e Everyday Is Like Sunday... mas ele logo percebeu que o tempo não parava, e seu país de origem já começava a considera-lo algo ultrapassado. Voltando sua atenção para os Estados Unidos, onde ainda mantinha sua moral intacta, Morrissey lançou 6 álbuns até 1997, emplacando um ou dois sucessos durante esse tempo, até se ver em baixa tanto com a crítica quanto com o público. Suas músicas pareciam não avançar no tempo, e suas críticas a políticos e celebridades pareciam apenas birra de um velho solitário em busca de um pouco de atenção. Foi então que ele acertadamente decidiu dar um tempo... 7 anos, para ser mais exato.

Em 2004, ele lançou o CD de inéditas You Are The Quarry, sucesso de crítica e público. Em 2006, lançou Ringleader Of The Tormentors, que também foi muito bem. De volta ao topo, Morrissey foi considerado pelo Britain’s Greatest Livin Icon como o segundo maior inglês vivo, perdendo apenas para o apresentador e naturalista Sir David Attenborough. Com sua moral de volta, lançou agora seu Greatest Hits, que inclui a inédita Thats How People Grow Up, cujo vídeo foi citado no início deste texto. Tanta moral lhe deu o direito de recusar 75 milhões de dólares para um revival dos Smiths, dizendo – com sua devida fineza britânica - que preferia comer os próprios testículos a se reunir novamente com seus antigos companheiros. Não havia mais dúvidas: o Rei estava de volta.

A voz de uma geração que influenciou músicos de Renato Russo e Rodrigo Amarante a Pete Doherty.
A lenda viva que não se importa em falar sempre o que realmente pensa.
Aquele garoto que dançava livre no palco mexendo desordenadamente os braços hoje é um senhor de respeito, mas que ainda sabe se soltar no palco, desfiando suas letras cínicas e polêmicas. Talvez de forma mais contida que antes, como se tivesse a consciência do ícone que é.
A figura reverenciada, endeusada.
O gênio absoluto que consegue como ninguém captar os sentimentos de uma juventude que, apesar de já ultrapassada, continua viva em sua voz e em sua poesia.

Tal qual um monarca, Morrissey é aquela figura inalcançável, intocável.
Menos para seus fiéis súditos.

E mesmo que por apenas alguns segundos...

domingo, 13 de abril de 2008

Pombas!


Uma banda que me faz dançar no ponto de ônibus definitivamente merece um post...

Acho que ele também vai servir como um ‘pedido de desculpas’, já que minha história com ela não começou muito bem. Logo que ouvi a banda não vi a mínima graça e o cd ficou perdido nos meus arquivos, e pior... assim que meu computador precisou de espaço essa foi a primeira pasta a ser deletada...!

Em fevereiro desse ano quando foram indicados a melhor banda revelação pela NME fiquei indignada... como aquela banda sem graça conseguiu isso?

Então recebi um e-mail de uma amiga dizendo “você já ouviu essa música?” e o link pro vídeo de “I’m not sorry” e gostei. Pensei cá com meus botões que essa música não devia estar no cd, deveria ser b-side ou algo assim...e resolvi não dar bola... um tempo depois sentada no carro de um certo garoto que também escreve aqui escuto o cd e percebo que...meu deus...que estranho...

EU GOSTO DISSO!

Depois desse dia não consigo parar de escutá-los... coloquei as músicas no meu celular e “Romantic Type” grudou na minha cabeça e não sai mais.

Sim, uma banda britânica como qualquer outra... mas uma banda que me faz querer sair do lugar e com letras que colocam um sorrisinho no canto da minha boca.

E nesse momento você já está me xingando porque ainda não falei o nome da banda certo!?
Ok...ok...

*que rufem os tambores*

Senhoras e senhores: Pigeon Detectives!


O que eu sei sobre eles?
Quase nada, já que há 1 mês eu nem gostava da banda.

Mas bendita seja a Wikipédia né?!

Pigeon é uma banda que se formou em 2002 em Leeds, foram descobertos por dois DJ britânicos famosos, um deles, a ‘pop’ Jo Whiley, que tem um programa de rádio na Radio 1 da BBC. Em 2006 se apresentaram no Reading and Leeds Festival em um de seu palcos, no caso o NME/Radio 1 Stage... depois desse show recebeu a classificação da NME como banda mais provável a ocupar o palco principal no ano seguinte.

Eles já abriram show do Dirty Pretty Things e do Kaiser Chiefs.

O primeiro cd da banda saiu em 2007 e se chama "Wait for Me", em maio de 2008 sai o segundo cd intitulado “Emergency”.

A banda vem de uma nova leva de bandas britânicas: as que se divertem. Ser uma banda britânica de sucesso hoje em dia não significa mais ser blassé e ter toda uma atitude anti mundo da fama, hoje em dia as bandas parecem se lembrar do motivo número 1 pra se ter uma banda... se divertir com o que faz....!


Então fica a dica né!? Se você não gostar deles na primeira vez que ouvir, dê mais uma chance...!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Nelson Rodrigues estava certo!!!

Seja em revistas especializadas (ou não), seja em fóruns espalhados pela Internet, seja em conversas com autodenominados “especialistas” ou mesmo em um bate-papo numa mesa de bar... é muito fácil encontrar listas como por exemplo “As 10 Melhores Bandas De Todos Os Tempos”, ou “Os 5 CDs Mais Importantes Na História Da Humanidade”, ou “Os 100 Maiores Clássicos Da MPB” ou mesmo duas das minhas preferidas, “As Melhores Músicas Com Mais De 7 Minutos” e “As Melhores Músicas Ruins Da História Do Heavy Metal”. Todas elas feitas sob a supervisão de pessoas que, pelo que dizem, entendem muito do assunto. Todas elas feitas como se fossem verdade absoluta. Pois eu me sinto obrigado a revelar uma coisa:

Elas NÃO são!!!

Preciso falar algumas coisas sobre mim:

- Eu não consigo me empolgar muito com Led Zeppelin!
- Acho que, em sua essência, o Pink Floyd é extremamente chato!
- Os Rolling Stones são e sempre foram superestimados demais!
- The Doors é, em sua maioria, entediante pacas!
- Não colocar Beatles na lista das 50 bandas mais influentes de todos os tempos é um atestado de ignorância musical (sim, isso já aconteceu)!
- Nem Sex Pistols e nem Ramones superam o Clash como melhor banda punk, não importa o que me digam!
- Oasis NÃO é a melhor banda britânica de todos os tempos!
- Ob-la-di, Ob-la-da NÃO é a pior música já escrita... nem de longe!
- Solos intermináveis e músicas pretensiosas que duram meia hora não fazem parte do meu conceito de diversão!
- Às vezes, aqueles barulhos tão estranhos e inovadores que causam tanta sensação em músicas de bandas como Mars Volta e Radiohead são apenas... barulho!
- Deixar de fora de listas de "bandas mais importantes" nomes como Beatles, Who, Beach Boys e Clash é um sacrilégio e deveria ser punido com morte!

E o principal:

- Os críticos deveriam deixar de lado o conservadorismo e começar a eleger suas listas com suas próprias opiniões, ao invés de procurar a opinião que vai deixa-los com mais cara de intelectuais!

Resumindo, eles deviam dar um “bleh” para tudo o que eu escrevi lá em cima e mostrar algum trabalho, pois é isso que se espera deles... opinião própria!

Que fique bem claro que este não é um post para criticar essas listas de “melhores” ou “piores”.
Não é um post feito para falar que minhas opiniões são mais válidas que as suas.
É apenas um post para mostrar que NENHUMA dessas listas deve ser levada muito a sério! A única opinião que você deve levar a sério é a SUA, e vc deve defendê-la com unhas e dentes, independente do que te digam que é bom ou ruim!
Lembre-se que nenhuma lista é definitiva, nenhuma lista é absoluta.
Seu Top5 de hoje será outro no ano que vem.

Passe longe das listas pseudo-intelectuais, ou daquelas que querem simplesmente causar polêmicas. Elas só existem para estressar os outros, mesmo.
E não se obrigue a gostar de nada apenas pq é o que a maioria elegeu como "o melhor", e nunca esconda suas verdadeiras preferências.

Nélson Rodrigues já dizia: a unanimidade é burra!
Não queira tentar fazer parte dela.


Top5 De Melhores Cds do Brancatelli:

1) Ok, Computer - Radiohead
2) London Calling - Clash
3) Sgt Pepper's Lonely Heart Club Band - Beatles
4) Pinkerton - Weezer
5) Bloco do Eu Sozinho - Los Hermanos


PS: informamos que o texto aqui escrito não expressa a opinião da equipe Two Cold Fingers. Ele é apenas a opinião tossida e escarrada deste que vós escreve, então peço aos incomodados que ao menos continuem acompanhando os posts de segunda feira...
Grato. =P

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Got Ma Nuts From A Hippy


Quando todo mundo já estava de saco cheio, achando que não ia aparecer nada novo na música britânica, quando todas as novas bandas pareciam soar exatamente igual, quando nenhuma música que lançava parecia fazer você querer saber de quem era...*momento de suspense*... Surgiu The Fratellis.
Sim, era mais uma banda britânica e o mesmo tempo era completamente diferente de tudo que você tinha ouvido.


A banda, formada por Jon, Barry e Mince, começou a tocar em 2005. Em abril de 2006 lançou um EP de baixíssima tiragem e em junho já estava aparecendo em programas famosos da tv britânica, como o Top Of The Pops. O mês mais importante do ano de 2006 para eles foi definitivamente agosto, que foi quando a NME (se uma banda de indie rock britânico você fosse, nela iria querer aparecer) declarou que eles eram a melhor banda nova da Grã-Bretanha... e nesse mesmo mês lançaram um de seus maiores sucessos ‘Chelsea Dagger’. Em setembro finalmente sai o primeiro cd: Costello Music.

O cd com músicas meio ‘folk’ (reflita que sou bem ruim para definir estilos de música) ou talvez meio ‘country’... bom, o importante é que eram músicas com ritmos felizes! Desde a forma de cantar de Jon, passando pelas letras e chegando nos acordes... tudo parece fazer você ficar feliz ao ouvir. Também tem suas baladinhas e até uma música mais ‘arrastada’, mas no geral é um cd muito animado. A banda empolgou as platéias do Glastonbury, T in the park (festivais britânicos) e a critica, abocanhando 2 prêmios de revelção da música britânica. Além de tudo, a banda criou uma identidade com o uso das pin-ups nas capas de cds e sinlges, e também em clipes e shows... chegou até a fazer uma vitrine viva com pin-ups para o lançamento do Costello.

Agora em abril, vazou o primeiro single do novo cd. Estavam todos ansiosos para ter um gostinho do novo álbum... e se a banda não conseguisse manter a fórmula? E se o cd fosse muito diferente do que estamos acostumados a ouvir de Fratellis? E se...?E se? Ai.

O nome da música nova é Mistress Mabel... e sim, a fórmula é outra...sim, é diferente... mas quando você escuta pensa: é muito bom...e ainda é Fratellis!

Bom, o que nos resta é ficar no aguardo do resto do cd, que tem data oficial de lançamento em junho (mas nós todos sabemos que lá pra maio vaza alguma coisa né!?).

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Nação de drogados

Até meados de 2004, Pete Doherty tinha tudo.
Fama, talento, respeito da crítica e a maior banda britânica desde os irmãos Gallagher.
O Libertines iniciou, no início da década, a revitalização de um gênero há muito ignorado pelo mundo: o BritPop. Por causa da dupla Barat/Doherty o mundo abraçou bandas como o Arctic Monkeys e Kooks, além de talentos como Amy Winehouse e Lily Allen. O sotaque britânico dominava novamente o rock. Pete Doherty era considerado a maior voz de sua geração.

Até que tudo isso desabou.

Devido aos seus problemas com drogas, Pete foi afastado do grupo que fundou.
Passou a ser conhecido mais por causa dos tablóides sensacionalistas do que por sua música.
Iniciou outro grupo, o Babyshambles, duramente criticado pela crítica especialiazada.
Recebeu a culpa por todos os erros de sua namorada famosa.
Lançou um CD chamado Down in Albion, que apesar de alguns trunfos como Fuck Forever, Killamangiro e Albion, esteve em inúmeras listas de piores CDs de 2005.
Viu o CD Dirty Pretty Things: Waterloo to Anywhere, de seu ex-parceiro e ex-melhor amigo Carl Barat, ser comemorado pela crítica.

E percebeu na pele que, quanto maior a altura, maior também a queda!

Em dezembro de 2006, o Babyshambles era uma banda desacreditada. Seu guitarrista e co-compositor, Patrick Walden, abandonou a banda para cuidar de seu problema com drogas, sendo substituido pelo veterano Mike Whitnall. Foi então que eles lançaram o EP The Blinding. Com 5 músicas, Pete Doherty conseguiu se reerguer, para público e crítica.

Foi em 1 de outubro de 2007 que o Babyshambles lançou seu segundo album, o Shooter's Nation. Não apenas uma nação de atiradores, o nome significa uma nação de drogados, mundo no qual Pete vive e conhece muito bem. Produzido por Stephen Street e não mais pelo ex-guitarrista do Clash Mick Jones, o CD traz a banda em uma roupagem mais limpa, talvez até mais pop. As letras trazem, como de costume, a marca da vida drogada e libertina de Doherty, falando sobre drogas, fama, pressão, amizades e, claro... Kate Moss, que assina a co-composição de 4 faixas.

A música que abre é Carry On Up The Morning, uma pedrada já de cara em todos que ainda duvidavam da vida pós-Libertines. É seguida do primeiro single, Delivery, que contém na letra momentos como "here comes a delivery straight from the heart of my misery" e "find a girl, have a drink, have a dance and pray".
Depois o CD embala nas composições e na voz de Pete, acompanhado por uma banda afinada e mais unida que nunca. Em You Talk, Doherty diz que escrever música é apenas um jogo, e tanta ensiná-lo à Kate. UnBiloTitled mostra, quase como um desabafo, a relação de amizade entre Doherty e o músico Wolfman, que muitos sempre disseram se aproveitar do talento e da ingenuidade de Pete para se dar bem. Side of the Road começa calma, e desbanca para uma das mais agitadas do CD. Crumb Begging Baghead remete à qualquer canção do Doors, enquanto que Unstookie Titled tem um refrão forte e uma levada até calma, iniciando o começo do fim do CD.

French Dog Blues é outra participação de Moss na composição, contando com trechos como "no words only melody come so I take the day off". Acusada de ser um plágio de uma canção do Cure, There She Goes tem um clima meio cabaré para falar do relacionamento de Doherty e Moss, mostrando que ele ainda não perdeu a mão ao falar sem medo sobre o que acontece em sua vida, em versos como "I, I do declare I was surprised to see you stay only to be betrayed by the one you gave all your love and trust to". Baddie's Boogie une uma linha de guitarra perdida de Whitnall à uma das melhores letras de Doherty, onde todas as palavras se encaixam perfeitamente. Deft Left Hand finaliza a parte da banda no CD, abrindo passagem para a balada Lost Art of Murder, que cria um clima intimista com Doherty tocando violão e cantando "you call yourself a killer, the only thing you're killing is your time" como se conversasse consigo mesmo. Pete Doherty te coloca dentro da própria consciência, em uma das melhores músicas do CD.

Ame ou odeie, é impossível ignorar alguém como Pete Doherty.

Gênio, farsa, herói, vilão, drogado, talentoso, garoto-problema, influente, idiota, namorado da mais famosa modelo do mundo, ícone musical. O último romântico do rock.

Seja como vc o vê, existe apenas uma certeza:
Nós ainda ouviremos falar muito dele!
Porque mais que tragédias, o que a mídia gosta mesmo é de mostrar pessoas que, ainda que atingindo o fundo do poço, conseguem se reerguer, juntando as próprias cinzas e renascendo ainda mais forte. E parece que ninguém sabe melhor o significado de renascimento que Pete Doherty.