quarta-feira, 20 de junho de 2012

Quack!

Por Renatinha. O pato roxo vai embora. Agradeço a todos que nesse tempo todo perderam alguns minutos da sua vida lendo meus textos. Significou muito para mim, juro. Quack!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A ausência da internet

Por Renatinha


Oi. Meu nome é Renata e eu cheguei as 7h30 no trabalho.
Não tinha internet.
Meu 3G não pegava.

Eu abri o Word e estou escrevendo esse texto inútil para passar o tempo.

Agora eu gosto de futebol, mas ainda não gosto de azeitonas.

Está frio, mas não quero colocar o suéter porque gosto da minha camiseta (é do Nightmare Before Christmas).

Tomei café com leite, mas queria tomar todinho.

Descobri que tenho o ombro torto e isso está desviando minha coluna, mas a natação vai me ajudar a consertar isso.

Minhas unhas estão verdes, mas eu queria na verdade ser ridícula e ter pintado elas com as cores da Alemanha.

O jogo foi bom, mas só consegui ver o primeiro tempo da reprise.

Eu sorrio vendo vídeos do Bastian Schweinsteiger, mas não entendo uma palavra do que é dito.

Estou ouvindo The Format (que é a ex banda dos caras da Fun), mas não sei se gostei muito.

Olho para esse documento há 5 minutos, mas não sei mais o que escrever.

Vou contar uma história.

Era uma vez um pato roxo.
Esse pato roxo era um detetive de crimes patolísticos.
O que são crimes patolísticos? Se você não sabe, não sou eu que vou te contar.
Ele era um ótimo detetive, não há crime que ele não descubra tudo.
O único problema é que ele nunca conseguia passar despercebido. Ele é roxo, oras bolas!
Para ser honesta não aconteciam muitos crimes patolísticos.
Na verdade só ouve um, mas no fim ele descobriu que seu cliente nem pato era.
Era um ganso.
Ganso malandro.
Então eles ficaram melhores amigos e foram patinar juntos.
O pato roxo e o ganso malandro.
Fim.





Tá, essa The Formar é média. Preciso ouvir mais vezes até dar meu veredito.
Tchau!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Bolha


Por Brancatelli

Eu queria enfiar todo mundo que eu amo numa bolha.
Pra que nunca pudessem ser atingidos por nenhum mal.

Queria enfiar numa bolha todas as pessoas que eu amo, e as pessoas que as pessoas que eu amo amam.
Queria afastar delas qualquer pensamento ruim, qualquer sensação ruim, qualquer sentimento ruim, qualquer situação ruim.
Queria poder usar o meu corpo como barreira entre o mundo e minha bolha, e canalizar tudo de ruim, e lidar com isso sozinho, do meu jeito.
Queria poder ser um escudo, e atrair pra mim qualquer mal que pudesse atingir minha bolha.
E que todas as lágrimas fossem só minhas.
E que todo o peso fosse só meu.

E minha bolha flutuaria, solta.
Livre de qualquer mal.

Eu queria enfiar todo mundo que eu amo numa bolha.

E proteger essa bolha com a minha própria vida.

E fazer da sua tristeza a minha tristeza.
E fazer da sua dor a minha dor.
E fazer das suas lágrimas as minhas lágrimas.

Minhas. E só minhas.

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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pensamentos aleatórios e perdidos sobre um álbum do ano passado e para os quais ninguém mais deve dar a mínima


por Brancatelli


Véi.
Na boa.
Tipo assim, papo sério.

Eu descobri meu problema com o Angles, o último álbum lançado pelos Strokes.

Sei que ninguém me perguntou nada, mas eu venho tentando organizar meus pensamentos sobre esse CD desde o lançamento, em março do ano passado.
Acho que finalmente consegui.
Tipo assim.. acho.

Seguinte!

Uma banda tem todo o direito de dar uma pausa.
Os integrantes têm o direito de enjoar da cara uns dos outros.
Entendo que fazer a mesma coisa, com as mesmas pessoas, ano pós ano, show pós show, disco pós disco, deve cansar pra caceta.
A pausa é necessária até para a própria sobrevivência da banda.

Entendo, respeito, acho até bonito.
Meu problema, rapá, é mais embaixo.

É assim, não sou contra experimentações. Acho que elas devem acontecer, e se uma banda de rock quiser fazer um disco de pagode, eu vou apoiar 100%. Porra, Radiohead, Arctic Monkeys e Los Hermanos estão entre as minhas bandas favoritas. Se o Weezer quiser fazer um disco de bolero, se o Belle & Sebastian quiser fazer um CD de metal farofa, se o My Chemical Romance quiser fazer um álbum só com covers do Justin Bieber e se o Móveis Coloniais de Acaju resolver se aventurar no funk carioca proibidão, eu vou ouvir com toda boa vontade que tenho (é pouca, mas é o que tem).

O problema é uma banda parar por 5 anos e, de repente, resolver lançar um conjunto de músicas que apenas em alguns poucos momentos lembra o que a banda fazia.

Tivesse o Angles sido lançado dois ou três anos após o First Impressions of Earth (cujo único pecado é ser longo demais), eu teria recebido muito melhor do que recebi, e acredito que tivesse sido assim com boa parte do público que se decepcionou com o álbum na época.

O que me fode é que, 5 anos depois, quando um retorno da banda ainda era uma incógnita e todo mundo já tinha aceitado a idéia de que teríamos apenas os projetos individuais dos integrantes, o Strokes aparece com um álbum que não se parece em nada com o que os fãs esperavam.
Se você passa 5 anos sem dar noticias, véi, o mínimo que você deve fazer é dar aos fãs o que os fãs querem. É praticamente um compromisso. Se depois você quiser inventar, fazer algo diferente, ir por outros caminhos, substituir todos os instrumentos pelo coral do asilo da sua cidade ou fazer um CD inteiro só com barulhos de baleias (estilo Björk), ótimo. Mas o álbum de retorno deve ser um álbum pros fãs.
Eu, por exemplo, passei tanto tempo sem postar por aqui e to voltando com o que se espera de mim: reclamações desnecessárias e sem sentido sobre coisas as quais ninguém mais se importa.

Repetindo o pensamento principal:
O álbum de retorno deve ser um álbum para os fãs!

Cara, eu entendo que Angles seja o primeiro trabalho do Strokes como banda, sem a unidade dada exclusivamente pelas composições do Julian Casablancas, e nem é esse o problema. Se tivesse continuado assim, nas mãos do Julian, esse álbum certamente teria uma cara mais voltada para o eletrônico, como no CD solo dele, e seria a mesma situação. E tanto é que Under Cover of Darkness, única faixa que lembra de maneira legitima o Strokes das antigas (e que serve quase que de consolo da banda pros fãs) é atribuída ao grupo todo.
Então, se eles criaram Under Cover, porra, custava nada deixar as experimentações pra um disco seguinte né não?!

Lançar um álbum diferente não é errado. O único erro de uma banda é lançar um álbum ruim.
Mas deixar seus fãs esperando sem noticias por tanto tempo, criar toda a ansiedade de um novo lançamento e lançar um material diferente daquilo que os fãs querem ouvir.. pra falar a verdade, acho que tem até um pouco de egoísmo nisso.

É isso, amiguinhos.
Sei la se vocês entenderam o que eu quis dizer, e olha, to me lixando pra isso.
Não levem pro pessoal, mas to feliz por ter entendido o motivo da minha birra com esse álbum. Minha opinião continua parecida com a que eu escrevi na época do lançamento (se interessar, clicaquí!), mas agora eu sei o porque dela.

E sabendo o porque, o Angles acaba ficando bem melhor do que eu me lembrava.

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terça-feira, 15 de maio de 2012

The ' i'm not so sure if it's ' amazing Spiderman

Por Renatinha

Acho interessante que, mesmo sendo um dos meus heróis favoritos nos quadrinhos, o Homem-Aranha dos filmes não costuma me ganhar muito.

Demorei muito para me acostumar com o Tobey e agora estou tendo o mesmo problema com o Andrew. Nada contra ele, veja bem, eu o adoro e ele já me provou em "Não Me Abandone Jamais" que é um ótimo ator. Aliás, vejo nele muito do Aranha que eu via no Tobey.

Meu problema com esse filme está sendo basicamente o plot. Não sei se essa busca pelo passado dos pais me anima muito...

Eu vou assistir? Vou.
Eu vou gostar? Não sei.
Ficarei ainda mais apaixonada pelo Andrew Garfield depois de vê-lo usando roupa de Homem-Aranha? É claro!
Vocês se importam? Acho que não.

(Detalhe que isso era para ser um post no Facebook, mas acabei escrevendo tanto que resolvi postar aqui mesmo!)

Veja o preview de 4 minutos do filme e tire suas próprias conclusões:




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terça-feira, 3 de abril de 2012

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Por Renatinha

Eu queria fazer diferença.
Tirar o folêgo de alguém.
Deixar o mundo mais bonito.
Aquecer o coração de alguém.

Existir não me basta.
Sobreviver não me satisfaz.
Quero pintar o mundo com as minhas cores favoritas.


Quero demais, faço de menos.

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quinta-feira, 1 de março de 2012

Morte e renascimento de mim mesmo

Por Brancatelli

Vou confessar uma coisa aqui.
De uns tempos pra ca, minha cabeça não tem estado muito boa.

É engraçado, a gente sempre da a própria racionalidade como algo seguro, constante, mas não vemos que a racionalidade é um algo extremamente maleável.
Achamos que nossa consciência de hoje será a mesma amanhã, quando não poderíamos estar mais longe da realidade.
Nos iludimos que nossa personalidade de hoje é a mesma de ontem, e será igual até o dia da nossa morte.
E estamos apenas nos enganando.

Não estou falando de como mudamos gradativamente ao longo da vida.
Estou falando de mudanças bruscas, de uma hora pra outra.

Como acontece conosco todo dia.

E quando você começa a se acostumar com o seu “eu”, essa mudança vem como um soco no estômago, e você se vê obrigado a deixar pra trás aquilo que você era.
E bate aquele medo, quando você tenta de qualquer maneira se agarrar ao seu “eu” antigo.
O medo de perceber que ele já está morto, enterrado, queira você ou não.
E ele está, e você não pode fugir disso.

E você se percebe uma pessoa diferente.
Igual, só que diferente.

A confusão de você não pensar mais igual a como pensava ontem, de perceber que as coisas te afetam de uma maneira diferente de como te afetava, de não concordar com sua própria racionalidade.
Não deve existir desespero maior que perceber seu cérebro mudando sem poder fazer nada.
De se perceber deixando de ser o que era.

É assim que eu me sinto.
Pior que me sentir alguém diferente, essa mudança me reaproximou de alguém que eu não gosto nenhum pouco.

Me senti próximo de um “eu” passado que eu preferia esquecer.

Nós sempre achamos que mudamos para melhor.
Que evoluímos a medida que aprendemos com a vida, que adquirimos experiências diferentes, que levantamos de cada queda.
Cada lição, cada erro, cada tropeço, cada acerto.
Gostamos de acreditar nisso.

Então o que fazer quando percebemos que mudamos para pior?
Quando acordamos com uma mentalidade diferente, uma sensibilidade diferente.. e não gostamos nada dela?
Podemos tentar mudar, voltar ao que era, exumar o que já foi enterrado com a esperança de trazê-lo de volta à vida.

Ou você pode tentar entender aquilo que você se tornou.

Foi isso o que eu passei a semana tentando fazer.
Completamente sozinho, isolado.
Eu comigo mesmo.

O que eu tirei disso?
Acho que ainda não sei ao certo.

Mas eu percebi principalmente o que é importante na minha vida.
Porque é na solidão que você percebe a falta que faz um abraço, uma conversa.
A falta que faz outros olhos, outras vozes, outras vidas em torno da sua, te rodeando, te complementando.

Te completando.

Essa semana serviu pra me mostrar aqueles que são realmente importantes na minha vida.
E talvez melhor ainda.. serviu pra me mostrar que não são poucos.
Eu percebi que não importa o que esteja dentro da minha cabeça, se eu for consciente o bastante para manter comigo cada uma dessas pessoas, então eu estarei bem.
Se eu conseguir “racionalizar o emocional”, eu não preciso me afastar de mais ninguém, ou fazer com que se afastem de mim.

A solidão continua sendo importante, claro.. mas como disse um grande amigo meu, é melhor estar em boa companhia do que estar apenas com seu pessimismo.
E todas as risadas, abraços e beijos vão compensar essa constante luta comigo mesmo.
Disso eu tenho certeza.

Sei que não vai ser fácil.
Mas vai valer a pena.

Afinal, de que adianta ser você mesmo sem a companhia dos outros?


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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Howler

Por Renatinha



Olha, eu não sei como você passou o seu domingo... Só sei que eu tive um dos melhores domingos da minha vida.

Sabe aquele frio na barriga quando você conhece alguém especial, aquele arrepio de quando uma pessoa interessante entra na sua vida, aquela animação de estar ali? Pois é. Isso é o que eu sinto quando conheço uma banda nova que ganha meu coração.

E a banda da vez é o Howler.

Eu nem sabia quem eles eram até a Playbook anunciar a possível vinda deles ao Brasil. Bastou apenas um clipe para eu desembolsar 100 reais para comprar uma conta na vinda deles. Mas mesmo nesse momento, não tinha sido aqueeeele amor todo sabe? Eu achava boa e pronto.

"Os novos Strokes" é como a banda tem sido anunciada em 99% dos lugares. Eu, pessoalmente, acho muito BABACA chamar uma banda assim por 2 motivos:
1) The Strokes é uma banda única;
2) O Howler é uma banda única, que merece ser mais do que apenas uma nova versão de uma banda que já existe.

Bom, quem lê o blog sabe que banda com carisma no palco ganha meu coração em 2 tempos. E bom, o Howler talvez saiba disso também, porque foram uns fofos.

O vocalista (e futuro pai dos meus filhos) entrou no palco com uma postura toda cool, de óculos escuros, mas em 5 minutos era todos sorrisos, simpatia, piadinhas e fofura. Logo os outros membros da banda o acompanharam na postura e todos me ganharam ali, naquele palquinho do Beco cheio de fumaça, que o Jordan ~tô intima~ chamou de "mágica" (sim, em português mesmo), virando uma garrafa de Jack Daniels e quebrando suas guitarras (literalmente) que o Howler entrou para o meu hall da fama de bandas.

Bom, se você tá com vontade de uma banda nova na sua vida... Vem na minha ;)



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

LA GENTE ESTA MUY LOCA

Por Renatinha


"Por 10 votos a 1, o plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quinta-feira (9) que, a partir de agora, o Ministério Público pode denunciar o agressor nos casos de violência doméstica contra a mulher, mesmo que a mulher não apresente queixa contra quem a agrediu."
É o que diz a notícia do G1: http://virou.gr/yMcLJj

Estava eu burlando minha dieta e comprando um pacote de Trakinas para servir de almoço quando a moça na minha frente diz para a caixa:
"Mas sério, tem mulher que pede para apanhar né?"

Disse assim como se fosse normal ter aquela opinião e a caixa ainda concordou, não sei se puramente pelo conceito de "o cliente tem sempre razão" ou por ser outra pessoa retardada.

Queria ser um pouco menos a mosca morta que sou, virar para ela e dizer "Por favor, exemplifique as situações nas quais você acha que a mulher está pedindo para apanhar.". Mas não, apenas fiz minha cara de 'WTF????'.

Depois dessa pérola ela começou a dissertar sobre como não existe a lei João da Penha. Nesse ponto eu já estava puta porque queria comer minha Trakinas logo e porque OI AGRESSÃO É CRIME SEJA CONTRA HOMEM, MULHER, CACHORRO OU ÁRVORE!

A cada opinião que leio, escuto, psicografo ou entro em contato, só há uma coisa que eu penso: LA GENTE ESTA MUY LOCA!



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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Minha mãe

Por Renatinha

Tão pequena veio do Ceará com a família para essa que se tornou sua casa, sua alma.
Tão pequena viveu desabores familiares e teve até data de morte estipulada por médicos.
Tão jovem sofreu com corações partidos.
Tão jovem já suava a camisa.
Tão jovem se viu com 3 filhos no colo e nenhum ombro para se apoiar.
Tão sozinha se viu por anos.
Tão forte, superou tudo o que foi possível e continua a superar.
Tanto orgulho que eu sinto da minha mãe.
Tanta vontade de ser metade da mulher que ela é.
Tanta alegria e sensação de dever cumprido quando sei que ja coloquei um sorriso no rosto dela.

De todas as pessaos do mundo, não existe outra que me dê mais orgulho de ser parte da minha vida.
Aliás, não apenas parte da minha vida.
Minha vida inteira.

Te amo, mãe.
Feliz aniversário!

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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ensaio sobre a ignorância


Por Brancatelli

Um cara e uma garota se deitam na mesma cama, num reality show transmitido 24h. Ela dorme, ele faz alguns movimentos estranhos.
No dia seguinte, as redes sociais estão abarrotadas de pessoas pedindo a expulsão imediata do rapaz, o acusando de estupro e exigindo sua cabeça numa bandeja.

Uma mulher é filmada chutando seu próprio cachorro.
O vídeo se espalha pelo You Tube. Pessoas compartilham as imagens passando o nome, endereço e todos os dados imagináveis da mulher. Ameaças de morte pipocam a cada compartilhamento.

O músico de uma banda de pop rock adolescente é perigosamente atingido por uma pedra durante um show da sua própria banda.
O vídeo vai parar na Internet. Os comentários vão desde piadas ofensivas até desejos de que da próxima vez, a pedrada seja mais dolorosa. Outros pedem para que as pessoas inclusive copiem o ato em outros músicos populares.

Um restaurante é acusado de expulsar um casal de homossexuais por estar se beijando em um “ambiente familiar”.
Diversas pessoas pela Internet combinam um boicote contra o restaurante. Alguns comentários mais exaltados fazem menção a um ataque à bomba contra o estabelecimento.

Um jogador de futebol supostamente homossexual é anunciado como interesse de um grande time.
Os torcedores se unem contra a contratação, ameaçando o clube e o próprio jogador. Em alguns casos, até fisicamente.

Manifestantes tentam agredir o prefeito de uma cidade e furam os pneus do seu carro. Por conta disso, acontece um confronto com a PM.
Uma foto mostrando os policiais prendendo os manifestantes é postada. Todos acusam a PM de truculência e reafirmam a vergonha que é viver em um pais como o Brasil, onde os policiais agridem as pessoas sem motivo.

Durante seu show, uma cantora vê policiais abordarem um grupo que fumava maconha. Ela grita palavras de ordem aos policiais, sem se importar com o risco de incitar a violência em seu público, que a aplaude. Grita xingamentos contra os policiais, que inicialmente apenas estão cumprindo seu dever, e os desafia a prendê-la.
No dia seguinte, o vídeo da cantora cai na rede. Ele não mostra a ação da polícia, apenas a cantora. Ainda assim, o público fica do lado dela, critica a ação policial e a clama como uma heroína.

Na página de uma garota no Facebook, são postadas fotos de uma aparente festa sexual, uma “suruba”.
Mesmo com a própria garota afirmando que seu perfil pessoal fora invadido, milhares de pessoas compartilharam o perfil e o álbum de fotos em questão, chamando a garota de vagabunda, de sem-vergonha e de outros nomes de baixo calão.


Todos os casos acima são reais, e ocorreram no intervalo de pouco mais que um mês.
Todos se resumem aos FATOS, não a opiniões pessoais ou teorias e suposições.
Todos se resumem exclusivamente à imparcialidade.

Uma imparcialidade cada vez mais rara.

Vamos deixar uma coisa clara:
Todo mundo tem o direito às suas próprias opiniões.
Isso significa que você e eu temos o direito de criticar o que quisermos, dentro dos devidos parâmetros sociais.
Mas para isso, existe algo essencial para a formação dessa opinião própria..

É necessário conhecer todos os fatos!
Todos! Os! Fatos!

Se eu quero expor meus argumentos, eu preciso conhecer todos os lados de um acontecimento.
Eu não posso afirmar que houve um crime como o estupro vendo alguns “movimentos suspeitos” debaixo de um edredom. Posso, isso sim, exigir uma investigação sobre o caso, mas não posso apontar o dedo e acusá-lo de algo tão grave.
Não posso também divulgar publicamente dados pessoais de uma pessoa ou ameaçá-la de morte, independente do que ela tenha feito.
Do mesmo jeito, não posso desejar a morte de um músico por não gostar da música que ele faz. Não posso agredir alguém por termos gostos diferentes.
Eu não posso ameaçar um estabelecimento por conta de uma acusação, especialmente acusações que não são comprovadas. Mal-entendidos, acredite ou não, acontecem.
Assim como não posso ameaçar ou agir contra um atleta por conta da sua vida pessoal.
Ou julgar toda uma corporação por conta de uma imagem ou relatos na Internet.
Nem julgar essa mesma corporação tomando como base o ponto de vista de uma cantora. Seja você contra ou a favor das drogas, a maconha ainda é uma droga ilícita.
E se algo foi postado numa rede social, pode ter sido postado por qualquer um. Não é porque o perfil é seu que ninguém mais pode conseguir acesso.

Que fique bem claro que eu não estou defendendo ninguém.
Não sei se ele estuprou, se a policia bateu, se a mulher matou, se o restaurante foi homofóbico ou se a garota publicou o que não devia.
Mas suas opiniões e gostos pessoais não podem interferir no seu bom-senso.

E eu não estou dizendo que todos os julgados são inocentes, mas todos são sim inocentes até que se prove a culpa.
E para se provar a culpa, deve haver provas. Fatos.
Não “compartilhamentos” na Internet. Não é porque você leu algo no Twitter, viu uma imagem no Facebook ou assistiu a um vídeo do You Tube que aquilo é real, você deve ir atrás dos fatos antes de assumir um lado.


Você deve ir atrás dos fatos antes de assumir um lado.


Me assusta essa justiça de Internet.
As pessoas querem punir sem um julgamento.
As redes sociais podem destruir uma vida, e ninguém parece levar isso a sério.
O que cai na rede consegue um alcance inimaginável, e todos parecem levar isso na brincadeira. Não é brincadeira, estamos tratando da vida real por aqui.
É a vida real, como a minha e a sua.
Real como você e eu.

A ignorância só se espalha.
Essa ignorância alimentada pela preguiça em ir atrás dos fatos, pela falta de preocupação em se conhecer a verdade, por esse excesso de confiança em tudo o que se escuta, vê ou lê.
Todos parecem ter a necessidade de escolher um lado.
De assumir uma posição.
Custe o que custar.

Polêmicas sempre vão acontecer.
E quando acontecerem, elas estarão nas redes sociais, não há como fugir.
Nós temos ao alcance dos nossos dedos uma das maiores armas sociais já criadas desde a invenção da imprensa.
E sabendo usar essa arma, podemos mudar o mundo com um clique no mouse, com um compartilhamento no Facebook, com um comentário no Twitter, com um texto no blog.
O conhecimento pode nos levar até onde nunca nem imaginamos chegar.

Agora nós só temos que escolher,
Se queremos mudar o mundo para melhor.
Ou para pior.

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

RIP

Por Brancatelli


Algo morreu.

Sei porque eu sinto nos meus ossos, na minha pele.
Eu sinto na minha cabeça, cansada.
Sinto na minha alma.

Sem causa e sem consequência.
Sem drama e sem barulho.
Sem nota no jornal.
Sem lágrimas.

Algo morreu.
E ainda que eu tente, é impossível ignorar.

Deitada em uma poça de sangue e tristeza, jaz minha infância.

Morreu em idade avançada, muito mais tempo do que qualquer infância deveria sobreviver.
Morreu esquecida, abandonada, empoeirada, castigada pelo desdém.
Pode ter morrido faz tempo, mas eu só percebo agora.

Mas sei que, há pouco, ela ainda estava aqui.
Agora não esta mais.

Sei que esteve aqui, sim, pois ela me ensinou tudo o que eu precisava saber.
(não tudo o que eu SEI, mas tudo o que eu PRECISAVA saber)
Sobre formigas, sobre cachorros, sobre pessoas.
Sobre o mundo, sobre o universo.
Sobre histórias.

Sobre tudo aquilo que deveria ser esquecido, mas não foi.
Que deveria dar lugar a outras coisas, mas não deu.
Deveria morrer, mas não morreu.

Mas ela morreu.

Foi morta pelo tempo.
Foi morta pela idade.
Foi morta pela razão.

Foi morta pelo desleixo, pela distância, pelo querer e pelo não-querer.
Foi morta pela vontade, pela necessidade, pela adversidade
Foi morta pelo desprendimento, morta pela pretensão.
Foi morta pelo acaso, e pelo descaso.
Foi morta pelo ser e pelo não ser.

Foi morta por todos vocês.
Foi morta por mim.

Eu matei minha infância.

Não matei com uma pedrada.
Matei pelo esquecimento.
Esta sim a forma mais cruel.

Mas sei que, ainda que morta, ela não me abandona.
Porque tudo o que ela me ensinou esta incrustado em mim.
Marcado dolorosamente a ferro quente, como tatuagem, onde ninguém pode roubar, ninguém pode alcançar.

Ninguém além de mim.

E é para la que eu vou.
Sempre que eu pensar em formigas, em cachorros, em pessoas.
Sempre que eu pensar no mundo, no universo.

Sempre que eu pensar em histórias.

É pra la que eu vou..

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