por Brancatelli
Véi.
Na boa.
Tipo assim, papo sério.
Eu descobri meu problema com o Angles, o último álbum
lançado pelos Strokes.
Sei que ninguém me perguntou nada, mas eu venho tentando
organizar meus pensamentos sobre esse CD desde o lançamento, em março do ano
passado.
Acho que finalmente consegui.
Tipo assim.. acho.
Seguinte!
Uma banda tem todo o direito de dar uma pausa.
Os integrantes têm o direito de enjoar da cara uns dos
outros.
Entendo que fazer a mesma coisa, com as mesmas pessoas, ano
pós ano, show pós show, disco pós disco, deve cansar pra caceta.
A pausa é necessária até para a própria sobrevivência da
banda.
Entendo, respeito, acho até bonito.
Meu problema, rapá, é mais embaixo.
É assim, não sou contra experimentações. Acho que elas devem
acontecer, e se uma banda de rock quiser fazer um disco de pagode, eu vou
apoiar 100%. Porra, Radiohead, Arctic Monkeys e Los Hermanos estão entre as
minhas bandas favoritas. Se o Weezer quiser fazer um disco de bolero, se o
Belle & Sebastian quiser fazer um CD de metal farofa, se o My Chemical
Romance quiser fazer um álbum só com covers do Justin Bieber e se o Móveis
Coloniais de Acaju resolver se aventurar no funk carioca proibidão, eu vou
ouvir com toda boa vontade que tenho (é pouca, mas é o que tem).
O problema é uma banda parar por 5 anos e, de repente,
resolver lançar um conjunto de músicas que apenas em alguns poucos momentos
lembra o que a banda fazia.
Tivesse o Angles sido lançado dois ou três anos após o First
Impressions of Earth (cujo único pecado é ser longo demais), eu teria recebido
muito melhor do que recebi, e acredito que tivesse sido assim com boa parte do
público que se decepcionou com o álbum na época.
O que me fode é que, 5 anos depois, quando um retorno da
banda ainda era uma incógnita e todo mundo já tinha aceitado a idéia de que teríamos
apenas os projetos individuais dos integrantes, o Strokes aparece com um álbum
que não se parece em nada com o que os fãs esperavam.
Se você passa 5 anos sem dar noticias, véi, o mínimo que você
deve fazer é dar aos fãs o que os fãs querem. É praticamente um compromisso. Se
depois você quiser inventar, fazer algo diferente, ir por outros caminhos,
substituir todos os instrumentos pelo coral do asilo da sua cidade ou fazer um
CD inteiro só com barulhos de baleias (estilo Björk), ótimo. Mas o álbum de
retorno deve ser um álbum pros fãs.
Eu, por exemplo, passei tanto tempo sem postar por aqui e to voltando com o que se espera de mim: reclamações desnecessárias e sem sentido sobre coisas as quais ninguém mais se importa.
Repetindo o pensamento principal:
O álbum de retorno deve ser um álbum para os fãs!
Cara, eu entendo que Angles seja o primeiro trabalho do
Strokes como banda, sem a unidade dada exclusivamente pelas composições do
Julian Casablancas, e nem é esse o problema. Se tivesse continuado assim, nas mãos
do Julian, esse álbum certamente teria uma cara mais voltada para o eletrônico,
como no CD solo dele, e seria a mesma situação. E tanto é que Under Cover of
Darkness, única faixa que lembra de maneira legitima o Strokes das antigas (e que
serve quase que de consolo da banda pros fãs) é atribuída ao grupo todo.
Então, se eles criaram Under Cover, porra, custava nada
deixar as experimentações pra um disco seguinte né não?!
Lançar um álbum diferente não é errado. O único erro de uma
banda é lançar um álbum ruim.
Mas deixar seus fãs esperando sem noticias por tanto tempo,
criar toda a ansiedade de um novo lançamento e lançar um material diferente
daquilo que os fãs querem ouvir.. pra falar a verdade, acho que tem até um
pouco de egoísmo nisso.
É isso, amiguinhos.
Sei la se vocês entenderam o que eu quis dizer, e olha, to
me lixando pra isso.
Não levem pro pessoal, mas to feliz por ter entendido o
motivo da minha birra com esse álbum. Minha opinião continua parecida com a que
eu escrevi na época do lançamento (se interessar,
clicaquí!), mas agora eu sei
o porque dela.
E sabendo o porque, o Angles acaba ficando bem melhor do que
eu me lembrava.
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