
Ele tem 23 anos.
Thiago Brancatelli é um desempregado já formado que escreve para um blog de música, mora com os pais, passa sua tardes lendo quadrinhos e não tem expectativas muito promissoras na sua vida.
Ele também tem 23 anos.
O público que estava na Via Funchal sexta-feira passada para ver o jovem Condon ia desde garotas adolescentes a donas de casa. De indies a garotões que queriam se mostrar por dentro das "novidades musicais". De jovens de 14 anos aos seus pais. No meio desse público, passeava um sem-número de jornalistas a caráter (isso é, chinelos, mochila e barba por fazer) e vendedores de cerveja que assistiam por suas televisõezinhas o último capítulo da novela das 8. Novela da mesma emissora que transmitiu Capitu, mini-série que tinha como tema a música Elephant Gun, que criou esse público tão diversificado (e estranho) para a banda Beirut aqui no Brasil.
Lá dentro, as pessoas ainda conversavam de pé enquanto a banda de abertura, a Manacá (cuja vocalista, Letícia Persiles, atuou em Capitu como a versão jovem da protagonista), já tocava. Ainda assim, poucas pessoas tinham se sentado em suas respectivas mesas, coisa que só aconteceu alguns minutos antes de começar a apresentação do Beirut. E, ainda assim, não durou muito tempo.
Condon e seus companheiros entraram (sóbrios, pasme!), tocaram a primeira música da noite (Nates, uma das minhas prediletas) e, como num passe de mágica, todo o público já estava levantado, dançando ao som melancólico e ao mesmo tempo empolgante da banda.
O que aconteceu depois seria capaz de surpreender desde o maior fã do grupo ao maior crítico. Por pouco mais de uma hora, o Beirut tocou seus clássicos, com destaque para Elephant Gun, Cherbourg, Siki Siki Baba e... praticamente todas as outras, cantadas em uníssono pela platéia.
E sendo bem sincero, o que mais me surpeendeu foi o carisma do Zach Condon, boa parte por conta da sua fama de garoto-prodígio, tocando seu ukelelê e seu trompete. E principamente falando (ou tentando falar) frases em português, como "eu não sei dizer português" e "toca Raul!" - por conta dos chatos que insistiam para que a banda tocasse Leãozinho, do Caetano Veloso, que o Beirut tocou no Rio de Janeiro. Os pedidos não foram aceitos (graças a Deus!!), mas não demorou para que, enrolado na bandeira do Brasil, o músico desse início ao ponto alto do show: a versão em inglês de Aquarela do Brasil, música que a banda tem o costume de tocar la fora e que fica ainda mais emocionante quando tocada em solo tupiniquim!!
E, mesmo ao fim do bis e com todas as luzes acessas, a banda voltou ao palco, graças aos pedidos do público. Visivelmente surpreso com tão boa recepção paulistana, o Beirut finalizou o show com Gulag Orkestar. Uma digna chave de ouro para a festa que fora aquele curto mas poderoso show.
Engraçado ver que, mesmo com apenas 5 músicos no palco, as músicas da banda ficam muito melhores ao vivo. A pegada da bateria, os metais bem colocados e o fato de era impossivel não perceber o quanto cada um dos músicos estava se divertindo, principalmente o líder.
E se aos 23 anos, esse cara já criou tudo isso, imagina o que o futuro lhe reserva...
5 comentários:
beirut é nome de comida...
Eu fui no show e ameeei!!!
E, pois é, tenho 17 anos e fui com amigas da mesma idade.. E (que eu me lembre) nunca vi uma platéia tão diversificada (em todos os sentidos) e realmente acho q eles amaram ter vindo!!
E foi lindo quando eles voltaram pra toca Gulag Orkestar!!
Foi lindo.
Fontes internas confirmam: São Paulo foi o melhor show que eles fizeram aqui.
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