terça-feira, 24 de março de 2009

Sem Palavras...?

- foto roubada ilegalmente do Orkut de um amigo -

Eu tenho um método para saber se um show foi bom ou não.
Se eu estiver cruzando os dedos para que o show acabe logo, então ele foi ruim.
Se eu sentir vontade de sentar no chão e descansar durante o show, então ele foi questionável.
Se eu não sentir a mínima vontade de sentar e descansar um pouco durante o show, então significa que ele foi bom.
Se eu não sentir a mínima vontade de sentar e descansar um pouco durante o show, mesmo estando de pé há mais de 4 horas, então ele foi muito bom.
Se eu me pegar parado de pé, com os olhos esbugalhados e hipnotizados e com a boca inconcientemente aberta no meio de um show, então ele foi fantástico.
Se eu me pegar rodeado por pessoas no mesmo estado, então o show foi perfeito.

Ok, eu bolei esse método no domingo, durante o festival Just a Fest.
Mas e não é que funciona?
(pelo menos na maioria das vezes)


Primeiro, vale a pena dizer que o Just a Fest, convidando bandas consideradas geniais pela crítica e público, pode ser traduzido como o festival das influências e de seus influenciados.
Afinal, o Kraftwerk é uma das principais bases do som do Radiohead, que por sua vez é um dos principais modelos do Los Hermanos. Caso o Vanguart tivesse sido realmente confirmado entre as atrações, talvez até pudessemos criar mais uma ramificação...
Mas afinal, quem quer saber disso quando eu tenho tanta coisa pra comentar, hein?

Os Hermanos subiram no palco as 6 e meia em ponto, e juro que não entendo as várias críticas que fizeram ao show dos barbudos. Claro, depois de assistir a pelo menos uns 5 shows dos caras, é fácil perceber que eles não estavam como quando tocavam juntos todos os dias... mas acho injusto chamar a apresentação de "desempolgada" ou "desanimada".
Os cara estavam há dois anos sem tocar, visivelmente preocupados e concentrados demais em tocar com a mesma qualidade da turnê do álbum 4. Mas também estavam visivelmente felizes de estar alí. Tanto o Amarante quanto o Camelo sorriam, dançavam (ainda que discretamente) e mostravam que ainda existe sim uma esperança pela volta do grupo.
Aliás, é divertido tentar escolher um "favorito" entre os dois. Assim que Marcelo Camelo te conquista com músicas como Todo Carnaval Tem Seu Fim, Cara Estranho e Casa Pré-Fabricada, Rodrigo Amarante te puxa de volta com Deixa o Verão, Incondicional e Último Romance.
Mas o carisma do Amarante é insuperável, principalmente porque Marcelo Camelo ainda parece estar no clima introspectivo do seu álbum solo.

Depois foi a vez do Kraftwerk.
Tudo bem, confesso que eu queria ser mais inteligente para realmente curtir o som e a postura dos caras... mas é inegável que eles são os melhores no que fazem.
A banda é o pilar que sustenta todo o cenário musical eletrônico. Não importa se você gosta ou não, você deve respeitá-los.
E vendos seus fãs dançarem cada música de olhos fechados, é impossivel não considerar o show um sucesso.

E então, aconteceu...

As 10 horas da noite, o Radiohead subiu ao palco.
E, por mais que eu queira traduzir em palavras tudo o que eu senti nas mais de duas horas de show, eu ainda sinto que isso seja impossível.
Basta dizer que, pelo método citado lá no começo deste post, é fácil concluir que aquelas mais de duas horas foram perfeitas! Simplesmente perfeitas!!
O set list passeava por toda a discografia da banda, e até sofreu alterações de última hora para adequar os clássicos Creep e Fake Plastic Trees. O último álbum, In Rainbows, foi tocado na integra.
Não tenho a mínima vergonha de dizer que chorei, seja nas duas músicas citadas acima, seja durante Exit Music (For a Film) ou seja ao escutar o coro do público pós-Paranoid Android, que obrigou Thom Yorke a se render aos seus fãs paulistanos e acompanha-los repetindo os versos finais da canção (aliás, escutar ao vivo sua música preferida? Cara, não tem preço...)
Como um amigo meu disse, a melhor banda do mundo só podia fazer o melhor show do mundo.

Foi histórico, maravilhoso, irreal.
Foi ridículo de tão bom.
Foi perfeito.

Simplesmente perfeito.


Queria saber exatamente o que dizer por aqui pra mostrar o que aconteceu naquele show.
Mas, por enquanto, é apenas isso que eu tenho.
Vai ter que ser o bastante.

Bom, pra alguém sem palavras, até que eu escrevi bastante, hein...

8 comentários:

Renatinha disse...

Se uma banda que não está nem no meu top 5 de favoritas toca 2 horas de um setlist praticamente desconhecido pra mim e eu consigo não cansar e mais que isso, me divertir absurdos... é porque foi FODA!
O show foi lindo... mais do que boa música sabe? Era tudo muito bom... aquelas luzes lindas e hipnotizantes, as câmeras em cada integrante, o público cantando junto... Foi lindo demais...
Fui de gaiata show e saí de lá fã.

Anônimo disse...

SENHOR BRANCATELLI,


concordo em todos os sentidos, e te admiro de ter conseguido escrever um post tão grande sobre algo inexplicável.

é sim inexplicável, não importa o que qualquer um dizer. 100 reais? não, cantar e chorar ao som de uma banda que marcou uma época não tem preço nenhum.

ouvir Creep, Fake Plastic Trees, o coro em Paranoid Android, Lucky, Reckoner... inexplicável, impagável, imperdível.


(só por curiosidade, foi do meu perfil essa foto?)


ABRAÇOS

Unknown disse...

A mesma coisa para os comentários! Como comentar aquele show? Foi o q a Re falou...mais de duas horas de uma banda q eu só conhecia as músicas famosas pra no finalzinho fazer cara de choro e perguntar "jáááááá?"! Foi mais q um show, era um espetáculo fantástico! Era hipnotizante!
Saí de lá mais apaixonada por música do q qd entrei! Aquilo era música, aquilo sim era ótima música!

Douglas Funny disse...

Ah... seu texto ficou ainda mais emotivo do que sua explicação ao vivo do show.

Deve ter sido bem quente, li várias críticas positivas... um show daqueles inesquecíveis... mas perdi.

... triste.

.. feliz por vcs.


abraço.

Tarsila disse...

eu choro lembrando dos momentos dos shows, poxa. kraftwerk tocou minha preferida deles, radioactivity; sentimental com aquela chuva fininha; radiohead como um todo... tem o que dizer? tem?
vontade de pegar um avião JÁ e ir assistir ao show de amanhã em santiago :(



ps. essa foto, eu digo sem modéstia, ficou tão linda :3

Tarsila disse...

ah é, eu tinha certeza que ia ter um post lindo sobre o show aqui!

MMs disse...

Sei muito bem como é a sensação. Me senti assim quando fui ver Laura Pausini. Ok, já pode parar de rir agora. >.<

Unknown disse...

*Comentário sobre um post de 2008, sobre o teatro mágico.

Meu querido, tudo o que você fez foi crescer e amadurecer a mente.
É claro que, você foi muito, mas muito ingênuo, em achar que a intenção d' O Teatro mágico era fazer arte pela arte...aliás, vou te contar um segredo: ninguém, NINGUÉM vive exclusivamente de ideologia, pois vivemos em um mundo capitalista, onde não é possível "fugir da corrida" pelo dinheiro. Bom, até aqui concordo com tudo o que disse, certo? Porém, não posso deixar de dizer, que tudo não passa de discurso, mas eles não mudaram, como você pensou, eles sempre foram assim, porém, não deixa de ser belo, ou você acredita que tudo o que o Los Hermanos, Radiohead, ou quem quer que seja diz, é o que eles pensam de verdade? Na mídia (independente ou não) tudo é ficção, meu caro, tudo!
Fica bem nítido que esse seu amadurecimento, se baseou, como sempre acontece, das conversas com seus amigos (que sempre acabam influenciando, claro) à respeito do quão ruim, tosco e hipócrita é o grupo, mais especificamente o Fernando Anitelli. Portanto, já diz o ditado: "Diga-me com quem tu andas, que te direi quem és". Nada mais normal, que você, sua amiga Renatinha e todos os outros, quererem ser parecidos.
Só acho radical alguém gostar de uma banda a ponto de ouvir o cd, se apaixonar, comprar a camisa e depois passar a odiá-la. Soa bem adolescente! Será que se o Radiohead ou Hermanos magoarem seus sentimentos, você agirá da mesma forma, ou você também vai esperar ficar na moda criticá-los?
Enfim, discordo na parte em que diz que o autor, em seu segundo disco, faz um esforço (quase que "sobrehumano") para compor suas letras, aí sim, senti não uma pontinha, mas um arrombo de inveja, pois as letras, assim como as do Camelo, são pretensiosas, mas, diga-se de passagem, bonitas, sim!
Ótima abertura para a polêmica! Gostei! E a postagem tanto tempo depois, se deve ao fato de eu estar pesquisando para a minha monografia sobre discursos de persuasão, tanto os d'O Teatro Mágico, como os seus. ;D Gostei do blog. Abraços!

*P.S: Amarante carismático????? Los Hermanos é demais, mas não vamos exagerar, né?!