quarta-feira, 18 de março de 2009

Cabeça de Rádio

Em pé detrás de um microfone e empunhando uma guitarra, Thom Yorke parece até se divertir enquanto que, de olhos fechados, mexe descontroladamente a cabeça no ritmo da canção que é cantada como uma prece por uma multidão de seguidores, que enxergam nas palavras do líder da banda Radiohead as respostas para os principais enigmas da humanidade. Seus companheiros de palco seguem seus passos e dançam, ainda que timidamente, enquanto tiram de seus intrumentos sons tão perfeitos quanto os gravados por eles em estúdio. Para os que assistem ao espetáculo, aquele é um momento único, real. Tudo o que existe está em cima daquele palco, e é tudo o que importa.

Ao menos essa é a cena que os fãs esperam ver na Chácara do Jockey nesse domingo, dia 22, durante a última apresentação do festival Just a Fest (que ainda conta com o Los Hermanos e com o Kraftwerk).

Não é para menos.
A banda inglesa toca pela primeira vez em terras brasileiras desde o lançamento do seu primeiro single, Creep, em 1992.
Do primeiro álbum grunge Pablo Honey até seu "quer pagar quanto?" com o lançamento virtual do complexo In Rainbows, o Radiohead viveu uma montanha-russa no cenário musical.

A popularidade alcançada pelo primeiro single foi gigantesca fora do seu país natal. Já o segundo álbum, The Bends, consolidou o quinteto com os fãs e finalmente chamou a atenção britânica, mas não foi o bastante para tirar a imagem de Thom Yorke e cia como "a banda de Creep" da cabeça de um público mais amplo.
Isso ocorreu apenas com o lançamento do álbum seguinte, o clássico Ok, Computer. Unindo guitarras, sons sintetizados, experimentação e um tema em destaque na época - a revolução tecnologica - o disco foi um sucesso comercial e um verdadeiro fenômeno de crítica (e prometo que será melhor analisado aqui no Two Cold Fingers num futuro próximo).
Finalmente, tendo recebido quase que por unanimidade o título de melhor e mais inovadora banda da década, o Radiohead não tinha mais obrigação de se provar, podendo então criar obras realmente difíceis e não-comerciais.

O primeiro dessa leva foi o Kid A. Sob a preocupação dos fãs de que a banda não conseguisse criar nada melhor que o trabalho anterior, Thom Yorke já avisa logo na primeira faixa: "Everything in Its Right Place".... tudo está em seu devido lugar. Apesar de estranho nas primeiras audições, suas letras minimalistas e muito mais sons eletrônicos que os álbuns anteriores, Kid A obteve ótima resposta do público, tornando-se ironicamente o maior sucesso comercial do Radiohead até o momento.
O álbum seguinte, Amnesiac, formado por sobras das gravações do Kid A, segue o mesmo estilo musical de seu predecessor, e garantiu seu sucesso.
O sexto disco, Hail to the Thief, apesar de continuar com o inesperado e inabalável êxito comercial da banda, dividiu a crítica, já irritada pelo fato da banda permanecer em constante metamorfose sonora.

Depois de um tempo de descanso e dedicado a projetos solos, a banda voltou dando uma banana para a indústria fonográfica, chutando a bunda da gravadora e lançando primeiramente na Internet o sétimo álbum, In Rainbows, apenas para download no site da banda tendo seu preço definido pelo próprio consumidor, e lançando-o apenas depois em lojas. A brincadeira, que poderia significar em fracasso financeiro, acabou resultando em 1,2 milhão de cópias vendidas digitalmente só no primeiro dia. Depois de um ano, o dinheiro recebido apenas pelas vendas online superaram o Hail to the Thief.


Mesmo quando parece que a própria banda se boicota, o que se revela é o prestígio do público e a aclamação da crítica.
O Radiohead abandonou a sonoridade "cover de Nirvana" e tornou-se influência para bandas como Keane, Coldplay, Travis e inúmeras outras.
Eles deixaram para trás todos os rótulos e preconceitos para entrar na seleta lista das maiores bandas, não só dos últimos anos, mas também de todos os tempos.

Como pode uma banda estranha, sem um som definido, que a cada disco produz músicas mais estranhas e viajadas, sem hits tocando nas rádios, com um estilo melancólico e intimista e cujo rosto principal é o de um homem feio, deprimido, sensível e sem pose de rockstar tornar-se a mais respeitada e festejada banda de rock da atualidade?

Dou a resposta no próximo post, depois de assistir ao show.

4 comentários:

Douglas Funny disse...

Conte-me depois.

Conheço apenas os clássicos da banda, mas ela é diferente e tem um estilo próprio quente.

Grava tudinho lá... entrega um cd do Projeto MQ.


bye.

Unknown disse...

Eu vou, tchananan! Eu vou, tchananan!
E certeza q vc não diria q o Thom York é feio se visse as fotos dele sem camisa no Ego. Pura luxúria! O.o

Bárbara Monteiro disse...

Então quer dizer que a gente talvez se esbarre naquela longínqua Chácara do Jóquei, Branca!
Hahahahaha
Po, eu adoro o Tom Yorke. É YorkE, ficadica. E adoro Los Hermanos tb.
Branca, vc e a Re n viram meus e-mails?
Hoje vamos todos pro Astronete comemorar meu anivesário, e vcs tão na lista..aparece lá!!
Bjao

Bárbara Monteiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.