quarta-feira, 2 de abril de 2008

Nação de drogados

Até meados de 2004, Pete Doherty tinha tudo.
Fama, talento, respeito da crítica e a maior banda britânica desde os irmãos Gallagher.
O Libertines iniciou, no início da década, a revitalização de um gênero há muito ignorado pelo mundo: o BritPop. Por causa da dupla Barat/Doherty o mundo abraçou bandas como o Arctic Monkeys e Kooks, além de talentos como Amy Winehouse e Lily Allen. O sotaque britânico dominava novamente o rock. Pete Doherty era considerado a maior voz de sua geração.

Até que tudo isso desabou.

Devido aos seus problemas com drogas, Pete foi afastado do grupo que fundou.
Passou a ser conhecido mais por causa dos tablóides sensacionalistas do que por sua música.
Iniciou outro grupo, o Babyshambles, duramente criticado pela crítica especialiazada.
Recebeu a culpa por todos os erros de sua namorada famosa.
Lançou um CD chamado Down in Albion, que apesar de alguns trunfos como Fuck Forever, Killamangiro e Albion, esteve em inúmeras listas de piores CDs de 2005.
Viu o CD Dirty Pretty Things: Waterloo to Anywhere, de seu ex-parceiro e ex-melhor amigo Carl Barat, ser comemorado pela crítica.

E percebeu na pele que, quanto maior a altura, maior também a queda!

Em dezembro de 2006, o Babyshambles era uma banda desacreditada. Seu guitarrista e co-compositor, Patrick Walden, abandonou a banda para cuidar de seu problema com drogas, sendo substituido pelo veterano Mike Whitnall. Foi então que eles lançaram o EP The Blinding. Com 5 músicas, Pete Doherty conseguiu se reerguer, para público e crítica.

Foi em 1 de outubro de 2007 que o Babyshambles lançou seu segundo album, o Shooter's Nation. Não apenas uma nação de atiradores, o nome significa uma nação de drogados, mundo no qual Pete vive e conhece muito bem. Produzido por Stephen Street e não mais pelo ex-guitarrista do Clash Mick Jones, o CD traz a banda em uma roupagem mais limpa, talvez até mais pop. As letras trazem, como de costume, a marca da vida drogada e libertina de Doherty, falando sobre drogas, fama, pressão, amizades e, claro... Kate Moss, que assina a co-composição de 4 faixas.

A música que abre é Carry On Up The Morning, uma pedrada já de cara em todos que ainda duvidavam da vida pós-Libertines. É seguida do primeiro single, Delivery, que contém na letra momentos como "here comes a delivery straight from the heart of my misery" e "find a girl, have a drink, have a dance and pray".
Depois o CD embala nas composições e na voz de Pete, acompanhado por uma banda afinada e mais unida que nunca. Em You Talk, Doherty diz que escrever música é apenas um jogo, e tanta ensiná-lo à Kate. UnBiloTitled mostra, quase como um desabafo, a relação de amizade entre Doherty e o músico Wolfman, que muitos sempre disseram se aproveitar do talento e da ingenuidade de Pete para se dar bem. Side of the Road começa calma, e desbanca para uma das mais agitadas do CD. Crumb Begging Baghead remete à qualquer canção do Doors, enquanto que Unstookie Titled tem um refrão forte e uma levada até calma, iniciando o começo do fim do CD.

French Dog Blues é outra participação de Moss na composição, contando com trechos como "no words only melody come so I take the day off". Acusada de ser um plágio de uma canção do Cure, There She Goes tem um clima meio cabaré para falar do relacionamento de Doherty e Moss, mostrando que ele ainda não perdeu a mão ao falar sem medo sobre o que acontece em sua vida, em versos como "I, I do declare I was surprised to see you stay only to be betrayed by the one you gave all your love and trust to". Baddie's Boogie une uma linha de guitarra perdida de Whitnall à uma das melhores letras de Doherty, onde todas as palavras se encaixam perfeitamente. Deft Left Hand finaliza a parte da banda no CD, abrindo passagem para a balada Lost Art of Murder, que cria um clima intimista com Doherty tocando violão e cantando "you call yourself a killer, the only thing you're killing is your time" como se conversasse consigo mesmo. Pete Doherty te coloca dentro da própria consciência, em uma das melhores músicas do CD.

Ame ou odeie, é impossível ignorar alguém como Pete Doherty.

Gênio, farsa, herói, vilão, drogado, talentoso, garoto-problema, influente, idiota, namorado da mais famosa modelo do mundo, ícone musical. O último romântico do rock.

Seja como vc o vê, existe apenas uma certeza:
Nós ainda ouviremos falar muito dele!
Porque mais que tragédias, o que a mídia gosta mesmo é de mostrar pessoas que, ainda que atingindo o fundo do poço, conseguem se reerguer, juntando as próprias cinzas e renascendo ainda mais forte. E parece que ninguém sabe melhor o significado de renascimento que Pete Doherty.

9 comentários:

Mar e Ana disse...

eu gosto do Pete.
Eu acho O.o


E achei mto legal essas coisinhas q ficam piscando no fundo da tela. Lembra coisas de música hehe

:*

(q comentario mais besta, g-zuz hahaha)

Ana disse...

Pete Pete (L)
sempre no meu coração !! haha
não dá pra negar, sou devota ao santo Doherty...

Alessandra Castro disse...

Eu naum gosto dele...Pose demais me enoja, naum consigo unir talento e drogas na mesma frase. Pena q a maioria é assim.

majv disse...

o cara é fênix
só que quando ele chora, as lágrimas não curam feridas, ou são tablóides nojentinhos, ou lindas músicas, tipo FUCK FOREVER, que eu amo(Y)
*-*

Dominique Seraut disse...

pete sabe o que faz, além de excelente musicista, é tb muito culto, um poeta talentoso e escreve pra ele...um escritor que escreve para os outros não escreve pra ninguém....pete é pura adrenalina existencial em um mundo caótico é issso aí, babyshambles na cabeça e quem sabe um dia estaremos em albion!

Anônimo disse...

Sempre é culpa das drogas, e tal. :)

Anônimo disse...

Ahm... Essa história do Carlão é bastante engraçada. O ponto da questão é que 95% dos meus amigos são gays e eu sou, simplesmente, o homem do grupo. heh, relevemos.

Cara, o pior é que esse post meu tem fundamento. Eu simplesmente passei a ir à raves. Eu gosto. Tirei proveito disso, e fui fazer "pesquisa comportamental". E é uma parada hilária! Te juro que tem muito mais figura do que em qualquer "bate-cabeça".

Pode ter certeza que venho dar uma olhadinha nos dias de atualização. Se bober e gostar, dou até uma linkada... hahah
Abraço.

A menina na janela disse...

Droga (sem ironias), o Pete foi preso... por 14 semanas. Periga de não ir no Glastonbury...

Ah, adorei o post e o blog todo!!!

Tchelo disse...

"namorado da modelo mais famosa do mundo"

Ele namorou a Giselle Bünchen???? O.o

puxa, o cara é bom. Começo a te entender, Brancatelli.