terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Rede Social


Mark Zuckenberg é um babaca!
Dispensado pela namorada, ele se vinga escrevendo ofensas a ela em seu blog e cria o "FaceMash", um site para que os estudantes de Harvard possam comparar e votar nas garotas mais bonitas da faculdade.
Depois ele se apropria da idéia de dois irmãos e cria o "The Facebook", um site de relacionamentos inicialmente exclusivo para alunos de Harvard.
Ofuscado por amizades suspeitas, ele acaba por trair o co-criador do Facebook e também seu melhor (e único) amigo, por inveja ou apenas por maldade.
Um verdadeiro babaca!

Os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss são dois babacas!
Com a idéia de um site de relacionamentos exclusivo para alunos de Harvard, os dois elitistas membros do grupo de remo da faculdade arrogantemente pedem a ajuda de Zuckerberg no desenvolvimento do projeto. Desprezando os irmãos, ele usa a idéia como base, a aprimora e põe no ar sua própria visão do site.
Com o orgulho ferido, os gêmeos Winklevoss o acusam de roubar sua idéia.
Dois legítimos babacas!

Sean Parker é um babaca!
Criador falido e frustrado do Napster, ele se aproxima de Zuckerberg por puro oportunismo, o incentiva a tirar seu melhor (e único) amigo dos negócios e abocanha cerca de 7% das ações milionárias do novo site, tudo isso para ser preso por posse de cocaína.
Provavelmente o maior dos babacas!

Eduardo Saverin é um babaca!
Com dinheiro de sobra e bom-senso de menos, ele acaba confiando cegamente em seu melhor amigo Zuckerberg e investe sua grana no projeto "The Facebook", apenas para ser traído e expulso às vésperas do site alcançar a marca de um milhão de usuários.
Um coitado, mas ainda assim um babaca!


É assim, apresentando apenas personagens babacas (e, por esse motivo, tão humanos) que o filme A Rede Social consegue contar a novela da criação e ascensão do maior entre todos os sites de relacionamentos, o Facebook, sem assumir nenhum dos lados da história.
Esse é provavelmente o maior mérito do longa dirigido pelo (foda) David Fincher e roteirizado pelo (gênio) Aaron Sorkin... e estamos falando de um filme cheio de méritos.

Começando pelos atores.
Jesse Eisenberg, na pele do próprio Zuckerberg, surpreende em um papel mais sério e complexo. Impressionante o que ele consegue dizer apenas com o olhar, independente (ou com a soma) do seu tom de voz ou gestos corporais. Ele apresenta um cara que olha a todos de cima, catalogando o grau de inferioridade de cada um, sejam colegas de faculdade, empresários ou advogados, ciente da sua própria genialidade e "superioridade". Por mais odiável, o cinismo e o sarcasmo de Eisenberg acabam por criar uma certa simpatia por parte do público.
Depois temos Andrew Garfield no papel de Saverin, que da o tom exato de ingênuidade que seu personagem pede, o que torna ainda mais surpreendente seus momentos de descontrole. Dizem que foi por esse papel que ele conquistou a vaga de novo Homem-Aranha, por "roubar cada cena que aparece". Difícil negar essa afirmação.
Mas a maior surpresa é Justin Timberlake, que desaparece completamente ao encarnar Sean Parker. Ainda que mantenha sua aura "pop-star" (o que aliás é de total importância para o personagem), aqui ele se prova um ator completo, conseguindo tornar até simpático um cara tão insuportável quando o que interpreta.

A história também é boa demais, assim como todos seus personagens.
Por ela já era até simples prever o sucesso do filme: amizades, traições, jovens se tornando bilionários por causa de uma idéia hoje tão óbvia.
O engraçado é perceber que a garota que da o fora em Zuckerberg logo nos primeiros minutos de filme e se torna sua obsessão eterna provavelmente nunca existiu. Ela já foi desmentida pelo próprio Zuckerberg. Ainda assim, o roteirista Aaron Sorkin faz dela a chave para se tentar entender o comportamento do protagonista, talvez por ele próprio não conseguir entender. Ou para mostrar que, mesmo sendo uma história real, não se deve levar o filme como 100% verídico. Fato comprovado pela declaração de Sorkin, que disse que seu compromisso não era com a realidade, e sim com o roteiro.
Its all about a girl..

O Facebook é a alegoria do relacionamento entre as pessoas hoje.
As amizades estão cada vez mais virtuais, nos comunicamos por e-mails, scraps, mensagens de celular. Conhecemos a vida do outro lendo seus tweets e olhando seu status na tela do computador. Conversamos por MSN, SMS, DM, MP. Abreviamos palavras por pura preguiça ou apenas por tendência.
E seria hipocrisia e ignorância afirmar que isso é bom ou ruim!
A impessoalidade, ironicamente, está sendo marca registrada da nossa evolução.

Fica a impressão de que Mark Zuckerberg é um cara que só quer ter amigos, mas é sempre boicotado por sua completa falta de jeito para relações sociais.
E é exatamente esse cara que cria a maior rede social do mundo.

A ironia é palpável..

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2 comentários:

Jojo disse...

"O Facebook é a alegoria do relacionamento entre as pessoas hoje."

Aqui um video que representa isso:

http://www.youtube.com/watch?v=tANfOKa5IDQ

Edu@rdo Rabboni disse...

Háháhá, muito bom o post, visão crítica sim, mas perspicaz! Parabéns pelo Blog Renatinha!.