quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pensamentos aleatórios e perdidos sobre um álbum do ano passado e para os quais ninguém mais deve dar a mínima


por Brancatelli


Véi.
Na boa.
Tipo assim, papo sério.

Eu descobri meu problema com o Angles, o último álbum lançado pelos Strokes.

Sei que ninguém me perguntou nada, mas eu venho tentando organizar meus pensamentos sobre esse CD desde o lançamento, em março do ano passado.
Acho que finalmente consegui.
Tipo assim.. acho.

Seguinte!

Uma banda tem todo o direito de dar uma pausa.
Os integrantes têm o direito de enjoar da cara uns dos outros.
Entendo que fazer a mesma coisa, com as mesmas pessoas, ano pós ano, show pós show, disco pós disco, deve cansar pra caceta.
A pausa é necessária até para a própria sobrevivência da banda.

Entendo, respeito, acho até bonito.
Meu problema, rapá, é mais embaixo.

É assim, não sou contra experimentações. Acho que elas devem acontecer, e se uma banda de rock quiser fazer um disco de pagode, eu vou apoiar 100%. Porra, Radiohead, Arctic Monkeys e Los Hermanos estão entre as minhas bandas favoritas. Se o Weezer quiser fazer um disco de bolero, se o Belle & Sebastian quiser fazer um CD de metal farofa, se o My Chemical Romance quiser fazer um álbum só com covers do Justin Bieber e se o Móveis Coloniais de Acaju resolver se aventurar no funk carioca proibidão, eu vou ouvir com toda boa vontade que tenho (é pouca, mas é o que tem).

O problema é uma banda parar por 5 anos e, de repente, resolver lançar um conjunto de músicas que apenas em alguns poucos momentos lembra o que a banda fazia.

Tivesse o Angles sido lançado dois ou três anos após o First Impressions of Earth (cujo único pecado é ser longo demais), eu teria recebido muito melhor do que recebi, e acredito que tivesse sido assim com boa parte do público que se decepcionou com o álbum na época.

O que me fode é que, 5 anos depois, quando um retorno da banda ainda era uma incógnita e todo mundo já tinha aceitado a idéia de que teríamos apenas os projetos individuais dos integrantes, o Strokes aparece com um álbum que não se parece em nada com o que os fãs esperavam.
Se você passa 5 anos sem dar noticias, véi, o mínimo que você deve fazer é dar aos fãs o que os fãs querem. É praticamente um compromisso. Se depois você quiser inventar, fazer algo diferente, ir por outros caminhos, substituir todos os instrumentos pelo coral do asilo da sua cidade ou fazer um CD inteiro só com barulhos de baleias (estilo Björk), ótimo. Mas o álbum de retorno deve ser um álbum pros fãs.
Eu, por exemplo, passei tanto tempo sem postar por aqui e to voltando com o que se espera de mim: reclamações desnecessárias e sem sentido sobre coisas as quais ninguém mais se importa.

Repetindo o pensamento principal:
O álbum de retorno deve ser um álbum para os fãs!

Cara, eu entendo que Angles seja o primeiro trabalho do Strokes como banda, sem a unidade dada exclusivamente pelas composições do Julian Casablancas, e nem é esse o problema. Se tivesse continuado assim, nas mãos do Julian, esse álbum certamente teria uma cara mais voltada para o eletrônico, como no CD solo dele, e seria a mesma situação. E tanto é que Under Cover of Darkness, única faixa que lembra de maneira legitima o Strokes das antigas (e que serve quase que de consolo da banda pros fãs) é atribuída ao grupo todo.
Então, se eles criaram Under Cover, porra, custava nada deixar as experimentações pra um disco seguinte né não?!

Lançar um álbum diferente não é errado. O único erro de uma banda é lançar um álbum ruim.
Mas deixar seus fãs esperando sem noticias por tanto tempo, criar toda a ansiedade de um novo lançamento e lançar um material diferente daquilo que os fãs querem ouvir.. pra falar a verdade, acho que tem até um pouco de egoísmo nisso.

É isso, amiguinhos.
Sei la se vocês entenderam o que eu quis dizer, e olha, to me lixando pra isso.
Não levem pro pessoal, mas to feliz por ter entendido o motivo da minha birra com esse álbum. Minha opinião continua parecida com a que eu escrevi na época do lançamento (se interessar, clicaquí!), mas agora eu sei o porque dela.

E sabendo o porque, o Angles acaba ficando bem melhor do que eu me lembrava.

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Um comentário:

Mariel Moura disse...

Terrível esse disco do Strokes, mesmo, mas como eles estão em turnê (e disco não é mais a principal fonte de renda), se deram ao luxo de experimentar.

No segundo disco (Room On Fire), já rola umas viagens por estilos diferentes (reggae e eletrônico), mas a galera ainda estava na pegada do Is This It (lançado dois anos antes)

Como você disse, passar anos sem fazer nada já tira créditos com os fãs a ponto de não ter espaço para errar na volta, precisa ser certeiro e agradar aos fãs para manter a moral e continuar vivendo de música (mas será que eles estão preocupados com isso?).

Até o Los Hermanos foi tolerado por ter lançado o desconexo (e de difícil deglutição) 4 (mas só porque, dois anos antes, tinham lançado o maravilhoso Ventura).