quarta-feira, 30 de julho de 2008

Amor e Ódio


Por motivos de copleta falta de tempo, estou postando por aqui um texto meu que saiu no blog do meu amigo Vitinho, o (altamente recomendável e extremamente cultural) Frívolas Letras.
Espero que vcs gostem:


O que mais me fascina na história da música não são as melodias geniais de um “Sgt. Peppers”, ou os arranjos elaborados de “Pet Souds”. Não é a poesia contida nos Smiths, ou mesmo a rebeldia contida nos Sex Pistols. Não é a capacidade de se reinventar, ou de romper barreiras culturais, ou de emocionar, ou de entender exatamente o que a pessoa que a escuta está sentindo. Não, não é nada disso.

O que mais me fascina é perceber que nada disso foi feito por uma só pessoa. Nada disso saiu de apenas uma cabeça genial. Nenhuma perfeição existente em uma melodia, em uma letra ou em uma canção foi obra de um momento único de inspiração criativa.

O que mais me fascina na história da música são as parcerias, ou mesmo as competições musicais.

O fato é que o destino (ou o acaso) consegue, em alguns casos, unir de maneira tão perfeita dois talentos brilhantes em uma mesma obra.
O que seria da música atual se o pequeno Paul McCartney, aos 15 anos, não tivesse conhecido o pequeno John Lennon em um show, no subúrbio de Liverpool, em 1957? Sem os Beatles, 99% das bandas de hoje simplesmente não existiria (não da maneira como as conhecemos). Em menos de 10 anos, eles mudaram não apenas o cenário musical, como também o estilo de moda e de vida de toda uma época, tornando-se lendas. O sucesso comercial é refletido até nos dias de hoje, quando Paul McCartney é considerado um dos maiores nomes da música e John Lennon figura como segundo na lista de “Personalidades Mortas Mais Lucrativas” da revista Forbes. Ainda que a parceria tenha esfriado entre 66 e 67, quando os dois resolveram criar individualmente (A Day In The Life é considerada a última parceria entre os dois), eles continuaram colaborando em todas as músicas até o fim da banda, em 1969. Mesmo quando não se uniam para uma mesma música, era a rivalidade entre os dois talentos que acabou por criar clássicos como “All You Need Is Love”, “Let It Be”, “Eleanor Rigby”, “Across The Universe”, entre tantas outras músicas gravadas pela banda.

Rivalidade também foi o que fez Brian Wilson criar uma das maiores obras musicais já gravadas. O disco “Pet Souds” foi a resposta dos Beach Boys, mais particularmente de Brian Wilson, ao disco Rubber Soul, dos Beatles. Para vencer a competição que criou em sua mente, Wilson resolveu criar uma obra com arranjos complexos, letras mais maduras e melodias geniais. Chamou o letrista Tony Asher para ajudá-lo e lançou, em 1966, um dos discos mais importantes do século XX. Foi considerado pelo próprio beatle Paul McCartney um de seus discos favoritos, dizendo que a musica “God Only Knows” era a canção mais linda que já tinha ouvido (afirmação que sustenta até hoje). Inspirado pela “competição”, Paul resolveu criar com sua banda o maravilhoso “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, disco que é considerado por muitos fãs e críticos como o melhor dos Beatles. O disco serviu de catarse para Brian, que considerou a obra insuperável e largou as gravações do album “Smile”. Considerado muito a frente de sua época, o álbum contava com letras elaboradas de Van Dyke Parks, e consistia em três movimentos: um primeiro, com músicas temáticas sobre os pioneiros e o Velho Oeste; um segundo falando sobre a infância e a inocência; e um terceiro, dedicado aos 4 elementos da natureza. Abandonado devido às crises esquisofrênicas de seu idealizador, o album foi retomado e finalizado em 2003, mostrando toda a genialidade que ele não pode mostrar naquela época.

Em 1976, Londres criou, entre inúmeras bandas punks, uma que se destacava tanto pelas suas letras politizadas quanto por suas melodias mais elaboradas. O Clash tinha como homens de frente Joe Strummer e Mick Jones. Por 9 anos, os dois foram a base de uma das bandas mais influentes da Inglaterra, lançando clássicos como o álbum London Calling que, misturando rock, punk, reggae, rockabilly e funk, é considerado um dos maiores albuns de todos os tempos. Mas a situação da banda se tornou insustentável pelas diferenças criativas de seus principais compositores: Strummer queria colocar mais teor politico nas músicas, enquanto que Jones se guiava para um lado mais pop. As divergências musicais culminaram na expulsão de Mick Jones do Clash. Mas apenas o talento de Strummer não conseguiu sustentar uma banda como aquela, e o Clash terminou em 1985, após o lançamento do detonado album “Cut the Crap”. Outro exemplo similar aconteceu com a banda Libertines, considerada “a salvação do rock” pelas publicações britânicas. Produzida pelo próprio Mick Jones, seus líderes Carl Barat e Pete Doherty sempre demonstraram uma relação de amor e ódio, até que Doherty foi expulso da banda por culpa de seu envolvimento com drogas, além da rivalidade musical (e pessoal) existente entre os dois. Alguns meses depois, Barat percebeu que a banda não era a mesma sem a presença do parceiro, e o Libertines teve seu fim decretado.

A música ainda conta com inúmeras outras duplas: a poesia de Morrisey e a melodia de Johnny Marr, nos Smiths; as brigas e as músicas dos irmãos Gallagher, no Oasis; os atritos entre Mick Jagger e Keith Richards, nos Rolling Stones; a atitude dos melhores/piores amigos Jonnhy Rotten e Sid Vicius, nos Sex Pistols... sem contar nossas duplas brasileiras, como Erasmo e Roberto, Vinicios e Toquinho, entre outros que não devem nada aos músicos internacionais... mas eu precisaria de um outro post prar falar deles...!

Fazer da música um ato solitário é um dom. Um talento que poucos conseguem administrar.
Mas o verdadeiro desafio é conseguir conciliar dois talentos diferentes, criando obras de arte difíceis de serem superadas. E é a química e a rivalidade criada entre dois gênios musicais que adiciona uma magia a mais na música.

Principalmente por essas parcerias mostrarem que a linha entre o amor e o ódio entre dois amigos é muito mais fina do que podemos imaginar...

domingo, 27 de julho de 2008

My Drive-Thru


A Converse (aquela que faz o All Star) está completando 100 anos e juntou vários artistas para criar músicas e participarem dos comerciais comemorativos. Entre os escolhidos Julian fucking Casablancas!

Quando eu li isso pensei "Oh yeah, baby... Finalmente o Julian saiu da toca!", mas fiquei um pouco chocada ao perceber que os outros fãs de Strokes não reagiram da mesma forma... Tirando as groupies (não me excluo completadamente delas) que escreviam em caps "AILMELDES, LINDOGOSTOSO!", os outros faziam comentários chamando o rapaz de "Vendido", "Mercenário", etc.
Mas ainda completavam com coisas como "bom, vamos ver no que dá...".

Mas aí veio a gota d'agua para os fãs radicais...
Julian Casablancas trabalharia com Pharrell e Santogold!
Sim... aquele Pharrell que tem um grupo de rap, aquele Pharell que faz música com Snoop Dog, é...esse mesmo!E Santogold, uma cantora pop que 'táquetá'!

Aícabô né?!
A galera enlouquecida, saiu com tochas na rua., fez passeata até Nova Iorque, queriam enforcar o Julian... Exagerei.
Mas aí decidiram que ele era vendido MESMO, já que além de fazer música para um comercial ele trabalharia com um rapper...

Não sei da onde que as pessoas tiram esses preconceitos musicais absurdos... A maioria delas nunca deve nem ter ouvido uma música do Pharrell e da Santogold, fica julgando apenas pela imagem deles.
Pois o Julian já, e faz um bom tempo que ele declarou que gostava muito da música deles e gostaria de trabalhar com eles um dia.

Ok, pra quem não sabe...
Pharrell é cantor, produtor e compositor. E se querem saber eu acho que eles faz as 3 coisas muito bem! E não sou só eu, já que com seu projeto The Neptunes ele já ganhou 3 Grammys entre 10 indicações. Ele também tem seu pézinho no rock, já que produziu o último cd do Hives.

Santagold é uma cantora pop que é descrita em muitos lugares com uma mistura de M.I.A com Strokes. Também entrou na lista da NME das 50 pessoas mais 'cools' da música.

Engraçado como esse preconceito parece ser coisa de roqueiro raivoso, já que não vi nenhuma fã do Pharrell dizendo "aimeldels, esse cara pirou...Tá gravando com aquele maluco do Strokes!"

Acho que o Julian (assim como os outros dois) está num ponto da carreira dele que não tem que ter medo de ousar musicalmente falando (não que eu ache que qualquer artista deva ter medo disso), ele já veio e provou que é bom... E quanto a ser mercenário? Não preciso lembrar que o Julian é filho do ex-dono de uma das maiores agências de modelos e tem uma carreira extremamente bem sucedida com o Strokes né?! Dinheiro naquele bolso não falta...

Ficou curioso pra ver no que deu essa mistura?

quarta-feira, 23 de julho de 2008

3 Atos para o Teatro Mágico

Finalmente tomei coragem de escrever sobre esse assunto.

Coragem sim, principalmente porque tenho uma pá de amigos que gostam de Teatro Mágico. E também porque, diferente de criticar o Chorão, falar mal do Teatro Mágico significa primeiramente “criar polêmica”.

Mas como aqui no Two Cold Fingers a gente perde o amigo mas não perde a crítica... isso ia acabar acontecendo hora ou outra... Minha história com o Teatro Mágico se divide em 3 atos.

Primeiro ato (romance)

Uma amiga me apresentou, lá nos idos de 2006, uma música chamada O Anjo Mais Velho. “É parecido com Los Hermanos!”, ela disse.

Minha primeira surpresa foi que... não tinha NADA a ver com Los Hermanos.

Mas minha segunda surpresa foi que, bem, aquilo era bom. Devido às minhas dificuldades com um computador e minha completa incompetência em baixar músicas (!!!), ela me gravou o primeiro (e, até aquele momento, único) CD do projeto Teatro Mágico. E não é que aquilo parecia bom mesmo, rapaz!? Tinha um clima meio intimista, melodias bacanas, letras interessantes. Músicas como A Pedra Mais Alta, Realejo e Camarada d’Água fizeram minha cabeça na hora.

Nesse momento, Teatro Mágico já estava começando a rascunhar o sucesso que ele ainda viria a fazer. Durante uma conversa qualquer sobre música, era normal a “banda” ser citada (entre aspas mesmo, já que o projeto solo do Fernando Anitelli tinha Teatro Mágico apenas como nome de CD, e acabou adotando o nome para a banda como um todo).
Assisti ao já tão aclamado show ainda naquele ano, e realmente era tudo aquilo que eu tinha ouvido falar... trapezistas, palhaços, músicos, atores, dançarinas... tudo isso junto no mesmo palco. Sem contar o público, que cantava cada palavra como se fossem as suas próprias palavras e aplaudia cada exaltação que o Anitelli fazia à música independente. Uma barraquinha simpática logo na entrada vendia CDs a preço de banana.

Tudo aquilo era muito, muito legal!!!


Segundo ato (comédia de erros)

O segundo show que eu vi do Teatro Mágico foi meio estranho.

Fiquei espremido entre milhares de pessoas que insistiam em pular e abrir os braços mesmo com o mínimo de espaço necessário para respirar. No palco, a banda parecia um pouco desanimada, um ar cansado. Tocaram O Anjo Mais Velho duas vezes, destruindo todo o impacto que uma música deveria ter no show. A barraca da entrada vendia CDs, DVDs e até camisetas (confesso que comprei uma). A interação que existia entre Fernando Anitelli e o público no show anterior, que contava até com o vocalista andando em meio ao público, pegando palavras aleatórias e criando músicas e rimas, era praticamente nula - a não ser pelo já cansativo discurso "viva a música independente" do Anitelli, principalmente por acontecerem no intervalo entre cada música. Em certo momento ele chegou a dizer que todas as críticas feitas ao Teatro Mágico eram pura inveja... afinal, as pessoas não têm gostos diferentes, elas têm apenas “inveja”.

Depois disso, tentei escutar o CD de novo. E foi uma tarefa bem difícil... tanto as letras quanto as melodias pareciam muito pretensiosas. Algumas músicas que antes eu pensava “puxa, mas que tirada genial ele teve aqui” se transformaram em “puxa, ele realmente escreveu isso a sério?”. Algumas escolhas de palavras pareciam ridículas, forçadas.

Não foi aquele Teatro Mágico que tinha me conquistado...


Terceiro ato (tragédia)

Procurei algumas músicas B-Sides do Teatro. A maioria apresentava a mesma coisa... várias tentativas fracas de jogos de palavras, uma vontade gigantesca de ser chamado de “gênio”.

Numa tentativa desesperada de reencontrar o motivo pelo qual o Teatro Mágico tinha me conquistado no primeiro ato, acabei indo eu outro show deles. O lugar era gigantesco, e soubemos que um DVD iria ser gravado por lá. E foi aí que a pá de terra foi jogada sobre o túmulo...

A banda entrou no palco com um atraso de horas. Boa parte da banda não estava presente (descobri que, por brigas internas, a banda acabou “quebrando”), e músicas eram tocadas com uma certa má vontade. O clima intimista que a banda teimava em criar não combinava em nada com o público que enchia mesmo aquele lugar tão grande. Anitelli continuava cuspindo sua metralhadora de “viva a música livre” e “ninguém está fazendo isso por dinheiro”... ao mesmo tempo que a barraca comandada por seus pais vendia CDs, DVDs, camisetas, livros, bottons, adesivos, agendas personalizadas, bonequinhos articulados e tudo o mais que vc puder imaginar com a marca “O Teatro Mágico”. Ao fim de várias músicas, Fernando Anitelli ouvia por um fone algo do tipo “hmm, não ficou legal não.”, vindo de sua produção, e a música era repetida inúmeras vezes. O próprio grand finale precisou ser repetido umas 4 vezes, com o Anitelli pedindo para o público FINGIR que tudo era espontâneo.

Toda aquela magia que eu senti ao escutar pela primeira vez O Anjo Mais Velho tinha se tornado uma grande farsa.

Escutei o segundo CD da trupe, intitulado “Segundo Ato”.
É um amontoado de pretensões. Toda a sinceridade que existia em algumas canções acaba soterrada por uma vontade irracional de transformar tudo em algo “genial”, desde as letras aos arranjos. É impossível escutar coisas como Os Insetos Interiores e não imaginar o Anitelli dando um sorrisinho orgulhoso a cada linha que escrevia, com palavras que nem tem razão para estar lá... ele apenas achou que seu público diria “meu Deeeeeeus, que cara geniaaaaaaaaaal esse Fernando” e escreveu aquele amontoado de coisas sem sentido.
Outras músicas que tinham tudo para serem ótimas ficam apenas medianas no meio de tantas repetições desnecessárias.
E até mesmo uma das poucas músicas que se salva, a inteligente crítica Pena, tem em seus versos a frase “poesia metamorfoseada em cifrão”... que ficaria muito bem na voz de uma banda pequena, que ainda não se rendeu ao dinheiro e à fama. Na voz de Fernando Anitelli soa apenas como uma grande hipocrisia.

Como disse a Renatinha no post dela, longe de mim culpar uma banda por querer ganhar dinheiro em cima do seu trabalho... o grande problema é quando ela continua dizendo que não está lá pela grana, enquanto é óbvio que é exatamente por isso que ela está lá. O Teatro Mágico já se transformou em uma indústria de dinheiro, e os discursos feitos por Fernando Anitelli em seus shows já perderam o sentido faz tempo. Soam apenas como grandes mentiras.

Tudo o que o projeto Teatro Mágico poderia ter sido foi destruído pela vontade de fazer sucesso e ganhar dinheiro.
Músicas forçadas e uma postura falsa.

Ou será que é tudo inveja minha?

domingo, 20 de julho de 2008

Ê ê ê...sou mais indie que você!


Sem tem uma coisa que me irrita é 'Síndrome Underground'...

É a idéia que certas pessoas tem de que se muita gente gosta de alguma coisa é uma porcaria, é vendido, é modinha... "A comunidade do orkut passou de 100 pessoas pra 500... credo, essa banda já era."
É a estupidez de chegar ao ponto de afirmar que é mais fã de algo porque conhecia a coisa antes de todo mundo... "Eu gosto deles desde a demo que eles gravaram no porão da casa da vó deles..."
E se toca no rádio ou passa na Mtv? AIMELDELS! Pronto... essa banda já é 'mainstream' demais pra eles...

Aliás, essa é uma palavra que eles adoram...Tudo é muito 'mainstream', você gosta do que tá na mídia? Aiiiiiiiiii que 'mainstream' que você é, bee!!

Eles parecem ter esquecido de um dos principais motivos pelo qual alguém forma uma banda... Pra fazer sucesso.. Porque o sucesso é a resposta do público dizendo "Ei, isso é bom"... Tá sabemos que nem sempre o que faz sucesso é bom na nossas opiniões... Mas a banda que disser que não quer fazer sucesso...pra mim é muito hipócrita.

E por que muita gente gostar significa que é modinha e não que a música é boa? Para eles a banda perde a essência quando ganha muitos fãs?
Beatles não tem mais valor então? Afinal, são quase uma unanimidade...
Não...acho que para os undergrounds eles são muito 'mainstream' sabe?!

Eu sei de gente que chega ao cúmulo de descobrir músicas da banda e não divulgar... Sabe... porque o importante é manter aquilo num seleto grupo... Se você divulga? Aiaiai...

Quer saber o que eu faço quando descubro uma banda legal?
Divulgo pra todos meus amigos!
E quando toca no rádio?
Comemoro! Mais chances dos cds da banda chegarem no Brasil e de acontecerem shows dela aqui.
Quando muita gente vira fã?
Fico feliz que o trabalho da banda é reconhecido.



O fato é um só: Banda boa MERECE fazer sucesso!

E quando isso acontece vou ser a primeira a ficar feliz.


[Esqueci no meu último post, mas eu e o Brancatelli queremos agradecer o selo que ganhamos do Matheus (um dos nossos leitores mais fiéis) do fundo dos nossos coraçõezinhos!]

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ensaio sobre chorões...

Sabe, nem todo mundo consegue participar de uma discussão civilizada sobre música.

Alguns dias atrás, em uma roda de amigos, eu comentei o quanto eu odeio Charlie Brown Jr, coisa que é do conhecimento de qualquer um que já tenha passado mais que 5 minutos comigo.
O fato é que, aparentemente, para um determinado cidadão que estava na roda, dizer “eu não gosto do Chorão” foi como chamar sua mãe de puta!
O rapaz começou a gritar, disse que quem não gosta de Charlie Brown Jr na verdade só quer criar polêmica, que o Chorão é um “puta músico” ( - pausa obrigatória para risadinha - ) e que ainda tem coragem de mostrar suas limitações quando diz por exemplo que não sabe fazer poesia, e que ainda assim ele é um dos “músicos” ( - pausa obrigatória para risadinha - ) mais respeitados e influentes atualmente no Brasil.
E antes que eu pudesse pensar em abrir a boca para dizer qualquer coisa, ele virou as costas e foi embora.

Primeiro, eu pensei que os fãs de Charlie Brown Jr realmente são um exemplo de coragem e de bons argumentos...
Depois, eu pensei que isso poderia render um bom post por aqui!
Além de MUITO divertido de ser escrito!
Muitas pessoas podem até achar que eu já estou cansado de falar mal do Chorão e cia... mas surpreendentemente isso não me cansa nem um bocadinho!!!

Vamos aos fatos:

1) Comecemos pela fantástica frase “quem não gosta de Charlie Brown Jr na verdade só quer criar polêmica...”.
Cara, se eu quisesse causar polêmica eu diria que odeio os Beatles...
Eu diria que odeio Bob Dylan, que odeio Nirvana...
Se fosse pra causar polêmica, eu diria até que odeio César Menotti e Fabiano...
Tipo assim... QUALQUER COISA menos Charlie Brown Jr!!!!
Odiar Charlie Brown Jr não é polêmico... aliás, é praticamente “lugar-comum”! Tipo, “eu odeio o nazismo, tardes de domingos e Charlie Brown Jr!!”! Ninguém se choca com isso...
Acho que mais polêmico seria GOSTAR de Charlie Brown Jr...

2) “O Chorão é um puta músico...”.
O Chorão é um cara de 30 e poucos anos que acha que tem 20. É um cara frustrado que acha que tem atitude. É um Zé Mane completo que acha ser a voz de uma geração. Um “rebelde sem causa” extremamente chato que nasceu na década errada. Por favor, não junte “Chorão” e “músico” na mesma frase.

3) “...e ainda tem coragem de mostrar suas limitações quando diz por exemplo que não sabe fazer poesia...”.
Esse é o argumento que eu mais gostei.
Me lembra de uma festa em que o DJ tocava a música até a parte “eu não sei fazer poesia...” e diminuía o som... enquanto um bando de pirralhos gritava em plenos pulmões “MAS QUE SE FODAAAAA!”. Quer dizer, o cara afirma que não sabe escrever letra de música e é venerado por isso. A superficialidade venceu! Esqueçam Cartola. Esqueçam Noel Rosa e Chico Buarque. Esqueçam Djavan, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Belchior. Esqueçam Tom Jobim, João Gilberto, Tom Zé... quem realmente merece nosso respeito são os que NÃO sabem escrever boas letras. Os que cantam 40 “yeahs” em uma música de 2 minutos de duração. Os que escrevem “mulherada muito loca com doce na bo-ca” e acham que isso é atitude.
Esse mesmo Chorão que, quando arrisca escrever alguma coisa mais profunda, diz que “azul é a cor da parede da casa de Deus / e não há mais ninguém como você e eu”.
Nas festas, o DJ deveria tocar a música até a parte do “eu não sei fazer poesia” e a multidão deveria responder “ENTÃO NÃO TENTAAAAA!”.

4) “ele é um dos músicos mais respeitados e influentes atualmente no Brasil.”
Cara... NAONDE que o Chorão é respeitado? Talvez pelos mesmos indivíduos que fazem “tesourinha” quando posam pra fotos e acham que são malandros. Os mesmos que usam boné virado para o lado e acham que atitude vem em comerciais de refrigerante. Charile Brown Jr influencia bandas a fazerem EXATAMENTE o mesmo tipo de som que eles fazem. Quer dizer, “influência” e “cópia descarada” deveriam ter alguma diferença entre si, não deveriam!? Principalmente quando a matéria prima é algo ruim de doer!


Ok, ok... Charlie Brown Jr não é de toooooodo ruim.
A banda consegue reunir, tanto na formação antiga quanto na nova, alguns dos melhores instrumentistas do Brasil.
O problema é que, quando seu homem de frente é o Chorão, nem se a banda de apoio fosse os Beatles o negócio prestaria.

E saber que o Charlie Brown Jr foi elevado à categoria de “maior banda de rock do Brasil” pela mesma juventude que Chorão e companhia tornam insuportável em suas músicas é, no mínimo, triste.
É o retrato de uma juventude que enxerga que a aparência é mais importante que a qualidade, e que dizer palavrões é sinônimo de rebeldia.

Com certeza o próprio Chorão percebe o quão ridículo é o seu sucesso.
E certamente faz coro à multidão de pirralhos que teimam em gritar, em plenos pulmões:

“Mas que se foda...”

domingo, 13 de julho de 2008

Time to Pretend


Nesse últimos tempos eu me apaixonei por MGMT...
Nossa... foi assim, uma paixão avassaladora...
Do dia pra noite eu colocava o cd pra repetir inúmeras vezes.

O que foi bem estranho, porque eu nunca fui chegada em bandas que misturam elementos eletrônicos nas músicas... chegava a ter birra... mas daí lá estava eu 'mejogando' com Eletric Feel!

O MGMT (que antes se chamava The Management) vem do Brooklyn e é formado por Ben Goldwasser e Andrew VanWyngarden.
Eles misturam quase todos os elementos que você imaginaria que não tem nada a ver... E DÁ CERTO!

Essa semana eles foram confirmados pro Tim! EBAAAAAAAAAAAA! (primeira atração que de fato me interessa...)

Mas...espera! Esperaí!

Quando eu comemorava tal informação comecei a ouvir e ler boatos de que a banda ao vivo não é lá essas coisas...

Logo de inicio achei que era intriga da oposição... Corri pro Youtube e assisti alguns videos. Tá... num video de 4 minutos, 3 eram apenas introdução coisa que não tem no cd e coisa que eu fico de saco cheio...Aí quando ele começa a cantar...

-q

Eu tive testemunhas, foi EXATAMENTE essa a minha cara...cara de -q!
Gente, na minha cabeça nem a pau que aquela era a voz dele... Eu ouvi a versão do video e comparei com a do cd umas 3 vezes...! Vi outros videos que não me deixaram tãããão boquiaberta assim...
Mas de qualquer jeito fiquei chocada, deprimida, decepcionada...

Cheguei a conclusão que os efeitos que colocam na voz dele fazem toda diferença...

Pôxa vida, eu achando que tinha descoberto mais uma banda para as minhas favoritas...

O cd é ótimo, recomendo! De verdade, uma das melhores coisas que ouvi nos últimos tempo...

Mas ao vivo...! Não sei... Tô pensando seriamente se vou arriscar... Afinal, se eles forem a única atração que me agrada...Estarei pagando uns 200 reais por uma banda com grandes chances de me decepcionar...

É, acho que MGMT não passou de uma paixão de verão... :'(

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Ensaio Sobre a Tristeza


Uma coisa que eu tenho pensado bastante é na relação que existe entre a beleza e a tristeza.
Outro dia uma amiga comentou o quanto achava a melodia de Fake Plastic Trees triste. Ela não falou nada sobre a letra, ou mesmo sobre o próprio estado de espírito. Apenas disse que achava Fake Plastic Trees extremamente triste.

Sabe, um cachorrinho com a perna quebrada andando na rua é uma coisa triste. A miséria na África e a fome são coisas tristes. A guerra é uma coisa triste. Animais matando outros da mesma espécie, uma criança chorando porque seu sorvete caiu no chão... essas são coisas tristes.
Agora, o que diabos nos leva a escutar uma música e achá-la triste?

Tirei umas horas pra analisar Fake Plastic Trees.
É uma música com começo calmo, apenas um violão base e o Thom York cantando uma melodia bem feita, alternando altos e baixos. Entra uma bateria leve, encorpando a música. E quando você pensa que tudo já voltou a ficar calmo, tudo explode em guitarras distorcidas, uma bateria pesada e a voz quase desesperada de York, provando vir do fundo se sua alma. E de repente, não mais que de repente, do mesmo jeito que surgiu, todo o peso desaparece, fechando aqueles minutos com uma tensão única, como se fosse um medo de que tudo mude novamente.
É claro que é simplesmente impossível traduzir em palavras todos os sentimentos que uma música dessas traz.
E vocês podem até rir, mas eu sou o primeiro a admitir que é impossível escutar uma música dessas no volume máximo e não terminar com os olhos no mínimo um pouco molhados.
Mas da onde nós tiramos tanta tristeza de uma musica tão linda?

Pois é exatamente isso.
Nós tiramos do belo o triste.

Quando nos deparamos com a beleza de uma música, ou mesmo de um nascer do sol que seja, é como se apenas nós existíssemos naquele momento.
Como se o resto do mundo desaparecesse, e apenas você soubesse apreciar toda a beleza que se revela.
Você se sente completamente sozinho, e será que esse não é o mais triste dos sentimentos?
A solidão?

Na realidade, toda a tristeza que vemos no que é belo é apenas o medo da solidão.
Então será que não existe nada mais belo que a solidão?

Ou talvez isso tudo seja apenas um devaneio maluco da cabeça de um garoto que não consegue parar de ouvir Regina Spektor.
E que, por isso mesmo, se sente extremamente sozinho...

Vai saber...!

domingo, 6 de julho de 2008

Bafão hein?!


Estava eu aqui buscando algo sobre o que escrever e acabei esquecendo de uma notícia que mais me chamou atenção na semana. Notícia não, para ser mais exata: uma entrevista.


O entrevistado?

Albert Hammond Jr.


O assunto?

The Strokes


Ok. Para começar tenho que avisar que Strokes é minha banda preferida.


Para quem não sabe, o Albie (sente a intimidade, bee!) está lançando seu segundo cd solo e fazendo um sucesso bem considerável. Na minha humilde opinião o cd não é tuuuuuuuuudo isso (e juro que não é birra de fã de strokes achando que é a carreira solo dele que empaca a volta da banda), acho bacana mas morno.

Só que, junto com o lançamento do cd dele 'Como te llama', o site oficial do Strokes anunciou que a banda irá se reunir em 2009 para um novo cd (e eu promento me aprofundar no assunto Strokes no futuro!!).


Aí já viu né?! Em toda entrevista que o Albie vai dar sobre seu cd os jornalistas só querem saber da bendita volta...!

Albert, sem papas na língua, disse que não quer se o porta-voz da banda só porque é o único que está na mídia e que se querem falar sobre Strokes que coloquem logo o título das matérias que fazem de 'The Strokes' e não o chamem como se fossem falar do cd novo...

Antes que me xinguem... Eu concordo com ele!

Ah, mas que saco... Você tá todo feliz lançando seu cdzinho e as pessoas esquecem isso só pra falar da sua banda que está de férias...


Mas aí num dado momento da entrevista ele falou que não gosta do último cd do Strokes, First Impressions of Earth. Ele disse que quando saiam as criticas falando mal do álbum, ele nem conseguia rebater... porque não se sentiu confortável com o cd.


Gentiiiiiiiiiiii, com assim?

Alguém me explica... Como sua banda faz um cd e vc simplesmente não gosta... Mas tipo, pela entrevista... não é que ele não gostou de uns detalhes, ele não gosta do negócio todo.

Ok, na minha cabeça, de fato o Julian tinha meio que um controle criativo da coisa...O Nick Valensi uma vez dissse "O Strokes é uma democracia e Julian é o presidente". Mas aí já dá impressão de uma ditadura!


Ele também diz na entrevista que está animado para a reunião da banda, porque todos se encontram em momentos diferentes e está curioso pra ver no que o novo cd vai dar...(eu também, Albie! Eu também...)


Mas tipos...Só eu acho que vai rolar meio que um climão depois dessa declaração? o.O